Começa nesta quinta-feira (4) a segunda etapa da maior pesquisa em andamento no Brasil que busca estimar a quantidade de pessoas que já desenvolveram anticorpos contra o novo coronavírus no país. Entre hoje e sábado (6), aproximadamente 2.600 pesquisadores irão coletar amostras da população de 133 municípios e realizar testes rápidos da covid-19. O objetivo é fazer o exame em cerca de 33.250 pessoas nesses três dias, sendo 250 em cada cidade. A escolha das casas e dos participantes testados é feita aleatoriamente.
O estudo é importante porque ajuda as autoridades em saúde pública a estimar o percentual da população brasileira que já desenvolveu anticorpos contra a covid-19 – a chamada soroprevalência – e, por isso, estão imunizadas.
Com base nessa informação, é possível ter um entendimento mais preciso de como o novo coronavírus se espalhou pelo país. Nem todas as pessoas que contraem o vírus apresentam sintomas. Portanto, o número exato de infectados tende a ser maior do que o de casos confirmados por exames de laboratório e reportados ao Ministério da Saúde.
A primeira fase do estudo foi realizada entre os dias 14 e 21 de maio. Os primeiros resultados indicaram que somente 1,4% da população dos municípios participantes havia desenvolvido anticorpos contra a doença, o que indica que a epidemia ainda está apenas no início na maior parte do país.
No entanto, existe uma grande variação entre os municípios que participam do estudo. Em Belém (PA), 15,1% da população havia desenvolvido anticorpos, de acordo com os resultados. A cidade da região Norte é a capital brasileira com a maior soroprevalência. Por outro lado, em Maceió (AL), o número ficou em 1,3%.
As demais capitais com a maior soroprevalência no país são Manaus (12,5%), Macapá (9,7%), Fortaleza (8,7%), Rio Branco (5,4%), Boa Vista (4,5%), Recife (3,2%), São Paulo (3,1%) e Rio de Janeiro (2,2%).
Como mostra uma reportagem publicada na edição da EXAME desta semana, pesquisas feitas mundo afora também têm indicado uma baixa imunização contra o coronavírus em praticamente todos os países. Esse resultado indica que o risco de uma nova onda de surtos ainda é alta no mundo, especialmente por causa da circulação de pessoas entre cidades que estão em diferentes estágios da epidemia.
Embora o resultado da primeira fase da pesquisa brasileira mostre que a incidência da doença ainda é baixa no Brasil, o estudo sugere que o número real de pessoas que contraíram o vírus pode ser até sete vezes maior do que o dado registrado pelas autoridades de saúde.
A pesquisa, chamada de Estudo de Prevalência de Infeção por Covid-19 no Brasil (Epicovid19-BR), é coordenada pela Universidade Federal de Pelotas e financiada pelo Ministério da Saúde. A pesquisa de campo é feita por agentes do Ibope Inteligência contratados para coletar as amostras.
Ao todo, serão realizadas três fases do estudo. Cada etapa de exames é feita com um intervalo de 14 dias entre elas, tempo médio para a manifestação do vírus, sempre nos mesmos 133 municípios. Assim, será possível observar o avanço da doença e da soroprevalência no país. Informações de estudos como esse são valiosas para compreender a real situação da epidemia.
Fonte: Exame