Valor de mercado da companhia fechou em 20,3 bilhões de reais hoje na B3, 11% maior que o nível pré-isolamento
Nem correção de preços, nem segunda onda de coronavírus, nem o futuro do ajuste fiscal do Brasil. Nada atrapalhou o plano da Via Varejo. A ação da companhia na oferta pública concluída há pouco saiu a 15 reais. O preço equivale a um prêmio de quase 13% sobre os 13,28 reais do fechamento da ação no dia anterior ao anúncio da captação. A demanda pelos papéis ficou em três vezes a oferta original total, e nesse preço.
A operação saiu inteira, com os 35% a mais do lote adicional. Foram vendidas 297 milhões de ações. Ao preço obtido, a Via Varejo levantou 4,45 bilhões de reais e conseguiu fôlego para enfrentar o cenário adverso da pandemia e ampliar os investimentos em sua virada tecnológica. A operação foi coordenada pelo Bradesco BBI, ao lado do BTG Pactual, Banco do Brasil BI, Bofa Merrill Lynch, Santander, Safra e XP Investimentos.
A companhia obteve destaque em plena pandemia, sendo que passou a maior parte dos últimos meses com 80% das lojas físicas fechadas. Nem mesmo as crescentes avaliações de especialistas de que os mercados estão se descolando da economia real atrapalharam a captação.
O valor de mercado da empresa fechou hoje acima de 20 bilhões de reais – superando os 18 bilhões de reais marcados antes do estouro do coronavírus no Brasil. Em março, a companhia chegou a ser avaliada em menos de 7 bilhões de reais na B3
Os investidores parecem animados com a estratégia digital do negócio, impulsionada durante o isolamento social usado para conter o avanço do coronavírus. O presidente da empresa, Roberto Fulcherberguer, declarou que as vendas nesse período alcançaram 70% do total pré-pandemia, sem redução de margem.
Chama atenção que, durante a alta da companhia nos últimos meses na B3, os grandes investidores institucionais se mostraram céticos em relação à rentabilidade das vendas do e-commerce. Muito da alta na bolsa foi atribuída aos investidores pessoas físicas – há 122 mil deles na base acionária da Via Varejo. Na operação, porém, o interesse do institucional, único participante em ofertas de esforços restritos, apareceu e forte.
No primeiro trimestre, a companhia teve receita líquida de 6,3 bilhões de reais, praticamente estável em relação ao mesmo período de 2019, e o lucro líquido ficou em 13 milhões de reais, ante prejuízo de 50 milhões de janeiro a março do ano passado.
Fonte: Exame