Por: Léo Carvalho, especialista em educação corporativa e atualmente responde pela Academia Digital e Serviços Internos na Universidade Corporativa da Multinacional Francesa Leroy Merlin
Há tempos ouço e leio, que “a educação corporativa é um guarda-chuva estratégico para desenvolver e educar funcionários, clientes, fornecedores e comunidade…”. E concordo!
Esta afirmação foi feita por Jeanne Meister¹ há mais de duas décadas, onde podemos nitidamente perceber que de lá para cá, muita coisa mudou, inclusive você.
Mas pense: A forma como pensamos e fazemos a educação dentro de nossas empresas, mudou? A resposta certamente será um sonoro ‘sim’.
E se perguntar se ela evoluiu, que pressupõe transformações ou mudanças dando origem ao novo? Talvez a concordância seja menor.
A busca frequente da Educação Corporativa é tentar equalizar os racionais ‘Aprendizagem’, ‘Relevância’ e ‘Retorno’, sabendo que a orientação principal sempre será no aluno. No saber.
Mas como manter o equilíbrio ante uma mão nada invisível que muitas vezes deseja resultados mais quantitativos (quem fez, quando fez, quantas horas fez), do que os qualitativos que indicam precisamente ‘o que se aprendeu’, ‘como se aprendeu’ e ‘como será a transferência deste aprendizado para a rotina de sua atividade’?
A vantagem é quando se conta com uma verdadeira Cultura de Aprendizagem, pois se entende que apostar no desenvolvimento das equipes é sempre o melhor investimento, como reforçou Derek Bok².
Mas e quando isso não é sua realidade?
Com frequência ouço frases como: “Mas em minha empresa não é assim. Eles são muitos tradicionais e fechados a inovação.” Penso sempre: “Parabéns! Olha que baita oportunidade de disruptir este processo”.
Muitas vezes o apego ao status quo, é uma condição mental que podemos explicar como sendo uma Paralisa Paradigmática, caracterizada por um indivíduo ou grupo que não vêem outra forma de resolverem problemas e desafios além daqueles que visualizam e talvez já tenham tentado.
Gerir a aprendizagem é considerar diversos fatores, muitas vezes fora da obviedade das ‘horas de formação’ e ‘quantidade de cursos realizados’. É considerar que as fronteiras do saber extrapolam os muros de sua empresa, pois com mais frequência seus colaboradores estão consumindo vídeos, textos e podcasts alinhados há um fenômeno que chamamos de ‘Novos Professores’, como Youtube, Coursera, Veduca, Udemy, TEDx, entre outros.
Além disto, Mihnea Moldoveanu, da Universidade de Toronto, apresentou um conceito chamado de PLC – Personal Learning Cloud, onde o ‘Aprendiz Infinito’ – o aluno – são aqueles que não apenas gostam de aprender, mas sentem necessidade da aquisição de novas habilidades. Em qualquer lugar. Justificando a afirmação acima.
“Mas como faço para mudar esta condição caso minha empresa não seja aberta?”.
Simples não será, mas mostre relevância à companhia.
Medite sobre o racional: Para sermos relevantes ao negócio precisamos ser estratégicos, e para isto, precisamos estar perto dos objetivos macro da companhia.
Vejo muitos casos em que há um hiato entre o que se pensa no board e o que se executa.
Assim, receberemos mais pedidos para auxilio em desafios concretos, do que o famoso “Quero dois pastéis de carne, um de queijo e um treinamento de motivação para minha equipe”.
¹ Jeanne Meister é reconhecida internacionalmente pelas inovações no que se refere a operaão e gestão das funções voltadas para a edução corporativa, e fundadora da Future Workplace.
² Derek Bok é um advogado e educador americano, que acumula em seu currículo a presidência da Harvard University. Cunhou a expressão “Se considera a educação cara, experimente a ignorância”