Apesar da melhora, retomada pode ser minada se o país voltar a adotar medida mais duras de distanciamento social para evitar uma propagação maior do coronavírus.
O novo indicador de acompanhamento da atividade econômica lançado pelo banco Itaú nesta quinta-feira (2) confirma que o pior momento da crise provocada pela pandemia do coronavírus ficou para trás e mostra que a economia do Brasil tem apresentado uma recuperação gradual.
O Itaú Daily Activity Tracker (Idat) faz o acompanhamento diário do ritmo da economia desde o início da primeira quinzena de março, quando marcava 100 pontos e as medidas de distanciamento social para combater a doença ainda não tinham começado.
Na segunda quinzena de março, com o reforço das medidas de isolamento em todo o país, o indicador recuou para uma média de 86 pontos – no pior momento chegou a 55 pontos no dia 28 daquele mês. Em abril, a média foi a 66 pontos, subindo em maio (73) e junho (82).
“Esse indicador diário traz uma visão mais rápida do que está acontecendo na economia”, diz a economista do banco Itaú Julia Gottlieb. “Há uma recuperação gradual, mas a economia ainda não voltou para o nível de antes da pandemia.”
O indicador foi construído com base no consumo de energia elétrica e nos dados internos do banco de gastos com cartão de crédito nos setores de bens e serviços.
Embora o novo indicador do Itaú revele que a economia brasileira esteja numa trajetória de retomada, há riscos que podem estancar essa melhora. O principal deles é a necessidade de o país ter de voltar a enfrentar medidas mais severas de distanciamento social para evitar um propagação maior do coronavírus. O Brasil já registra mais de 60 mil mortes.
“Uma recuperação consistente da economia depende de (o país) não ter de voltar a adotar de forma generalizada medidas de isolamento social mais rígidas por uma eventual segunda onda da doença”, afirma o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita.
O banco projeta uma queda de 4,5% para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. Para o segundo trimestre, o recuo deve ficar entre 10% e 11% na comparação com os três meses anteriores. “Não consigo descartar esse risco de uma segunda onda, mas não é o nosso cenário principal”, diz Mesquita.
Fonte: G1