Ambas as nações somadas à Índia totalizam 38% da quantidade mundial desse tipo de descarte; Brasil, Portugal e Angola entre os maiores produtores de lixo eletrônicos dentre as nações de língua portuguesa; relatório da ONU adverte que níveis de produção, consumo e descarte globais são insustentáveis.
O novo relatório sobre lixo eletrônico no mundo revela o descarte de um recorde de 53,6 milhões de toneladas em 2019. O Global E-Waste Monitor 2020, que contou com a participação da ONU, sublinha que apenas 17,4% dessa quantidade foi reciclada.
O estudo destaca que mesmo os países que possuem um sistema formal de gerenciamento de lixo eletrônico são confrontados com taxas de coleta e reciclagem relativamente baixas
China e Estados Unidos
A China é o maior produtor de lixo eletrônico com o descarte de 10,1 milhões de toneladas. Depois estão os Estados Unidos, com 6,9 milhões de toneladas, e a Índia com 3,2 milhões. Os três países foram responsáveis por quase 38% do lixo eletrônico produzido no mundo no ano passado.
Em relação aos lusófonos, o Brasil lidera com 2.141 toneladas. O país é mencionado no estudo, ao lado do Chile, pelo processo em curso para criar bases para iniciar a implementação de uma estrutura regulamentar formal para o lixo eletrônico.
Espera-se que as autoridades brasileiras assinem o “Acordo Setorial para a Implementação do Sistema de Logística Reversa para Resíduos de Equipamentos Electrônicos das Famílias” que está em etapa de consulta pública.
O segundo principal produtor de lixo eletrônico entre os lusófonos é Portugal com 170 toneladas em 2019. O terceiro é Angola com 125, seguida de Moçambique com 17, Cabo Verde com 2,8, Guiné-Bissau com 1 e São Tomé e Príncipe com 0,3 quilo toneladas.
Desenvolvimento
O relatório realça ainda que a forma pela qual se produz, consome e descarta o lixo eletrônico é insustentável. Nos países em desenvolvimento principal questão é o rápido aumento da demanda por produtos como máquinas de lavar, geladeiras e aparelhos de ar condicionado.
O documento destaca que em países de renda média e baixa, a infraestrutura de gerenciamento de lixo eletrônico ainda não está totalmente desenvolvida ou, em alguns casos, é totalmente ausente.
O estudo chama a atenção para a ameaça do aquecimento global e observa que 98 milhões de toneladas de dióxido de carbono foram liberadas na atmosfera como resultado da reciclagem inadequada de geladeiras e aparelhos de ar condicionado em processo “não documentado”.
A pandemia e os bloqueios para evitar o alastramento do coronavírus este ano poderão exacerbar o problema do lixo eletrônico.
Crescimento
De forma geral, o mundo gerou 53,6 mega toneladas de lixo eletrônico, uma média de 7,3 kg por pessoa. O total do lixo eletrônico gerado aumentou 9,2 mt desde 2014 e deve crescer para 74,7 mt em 2030. Esse crescimento corresponde a quase o dobro em 16 anos.
A tendência de aumento da quantidade de lixo eletrônico deve-se principalmente às altas taxas de consumo de equipamentos elétricos e eletrônicos, ciclos de vida curtos e poucas opções de reparo.
Em termos de continentes, a Ásia liderou a produção de lixo eletrônico em 2019 com 24,9 mt. A seguir estão as Américas com 13,1 mt e a Europa com 12 mt. África gerou 2,9 mt e Oceania 0,7 mt.
A Europa ocupa o primeiro lugar global em termos de geração de lixo eletrônico por indivíduo, com 16,2 kg. Neste parâmetro, a Oceania ficou em segundo com 16,1 kg, seguida pelas Américas com 13,3 kg per capita.
Fonte: Onu News