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Como a lenta recuperação do emprego nos EUA afetou as eleições

Nessa sexta-feira, 6, o Departamento de Estatísticas do Trabalho dos EUA divulgou o Payroll, dados divulgados mensalmente e bastante esperados pelos mercados internacionais porque medem a temperatura da situação do emprego na maior economia do mundo. Em outubro, a criação de empregos não-agrícolas nos Estados Unidos foi de 638 mil, acima da expectativa dos economistas. Lá, o emprego é medido com esse recorte para não englobar as contratações temporárias no campo, que variam muito conforme a temporada de colheitas. Desconsiderando o trabalho nas fazendas, portanto, os principais fatores responsáveis pela criação de postos de trabalho foram a retomada das atividades de lazer e hotelaria, bem como de serviços empresariais, varejo e construção, proporcionadas pela reabertura econômica. Já a empregabilidade no governo diminuiu.

Já a pesquisa domiciliar apontou que o desemprego caiu 1 ponto percentual, para 6,9%. Em números absolutos, a diminuição foi de 1,5 milhão de desempregados, para 11,1 milhões, sexta queda consecutiva. Apesar da grande queda, o número é quase o dobro dos níveis de fevereiro, quando haviam 5,6 milhões de desempregados. O principal grupo que teve queda no desemprego foi o de trabalhadores dispensados temporariamente, a queda foi de 1,4 milhão, para 3,2 milhões de funcionários afastados. Isso acontece porque, nos Estados Unidos, país extremamente liberal, já é consolidado há muitos anos uma forma de dispensar legalmente os funcionários por até seis meses.

A lenta recuperação da empregabilidade nesse ano de Covid-19 foi fundamental para o resultado dessas eleições nos Estados Unidos e o favoritismo do democrata Joe Biden, que até a tarde desta sexta-feira, 6, liderava em quatro dos seis estados que ainda fazem a contagem dos votos do pleito presidencial. Dados do Google Trends mostram que esse é o tema de maior interesse dos americanos na ferramenta de busca da empresa. A partir de fevereiro desse ano, as pesquisas sobre o assunto dispararam e, apesar de terem desacelerado a partir de de abril, se mantiveram muito superiores a outros temas. Em relação a cuidados à saúde, por exemplo, as pesquisas em relação ao desemprego foram mais de quatro vezes superior. Elas ainda ficaram à frente de outras questões como salário, crime, imigração, seguro social e aborto. Isso explica porque a forma como o presidente dos EUA, Donald Trump, reagiu à crise econômica causada pelo novo coronavírus foi fundamental na campanha eleitoral. Biden acenou aos trabalhadores da indústria manufatureira e conquistou seus votos. (veja mais nessa reportagem de VEJA).

Independentemente do resultado das eleições americanas, o candidato que ocupar a Casa Branca terá um grande desafio para recuperar de maneira robusta a empregabilidade no país. Isso porque as casas do legislativo vão continuar pertencendo a partidos opostos, o que dificultará a aprovação de um novo pacote federal de benefícios fiscais. Além disso, o vírus segue em descontrole e os Estados Unidos enfrentam novos recordes no número de casos. Seja quem ocupar o posto de líder dos Estados Unidos, o caminho ainda será muito longo para as pequenas empresas e para a recuperação do PIB do país.

Fonte: Veja

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