Quinze países da Ásia-Pacífico, que incluem a China, pretendem fechar o maior acordo de livre comércio do mundo neste fim de semana, o que seria a conclusão da busca do governo de Pequim por uma maior integração econômica com a região, que responde por quase 30% do PIB global.
A Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP na sigla em inglês), que inclui países como Japão, Austrália e Nova Zelândia, visa reduzir tarifas, fortalecer cadeias de suprimentos com regras de origem comuns e codificar novas regulamentações de comércio eletrônico.
Sua aprovação pode prejudicar algumas empresas dos Estados Unidos e outras multinacionais fora da zona, principalmente após o presidente Donald Trump ter abandonado as negociações sobre um acordo comercial separado com a Ásia-Pacífico, anteriormente chamado Parceria Transpacífico (TPP, na sigla em inglês).
Após a retirada da Índia das negociações da RCEP no ano passado, as 15 nações restantes buscam anunciar o acordo até o final da Cúpula Asean desta semana, que o Vietnã organiza virtualmente. O ministro de Comércio da Malásia, Azmin Ali, disse a repórteres que o acordo seria assinado no domingo, chamando-o de o culminar de “oito anos de negociações com sangue, suor e lágrimas”.
“A China deu um golpe diplomático ao atrair a RCEP”, disse Shaun Roache, economista-chefe para Ásia-Pacífico da S&P Global Ratings. “Embora a RCEP seja superficial, pelo menos em comparação com a TPP, é ampla, cobrindo muitas economias e bens, e isso é uma raridade nestes tempos mais protecionistas.”
O impacto pode se estender além da região. O avanço do acordo ilustra como a decisão de Trump de se retirar do TPP – agora chamado Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífico – diminuiu a capacidade dos Estados Unidos de contrabalançar a influência econômica da China com seus vizinhos. Esse desafio pode em breve ser transferido para o presidente eleito Joe Biden se, como esperado, for oficialmente certificado como vencedor das eleições de 3 de novembro.
A questão de saber se a RCEP muda a dinâmica regional em favor da China depende da resposta dos EUA, disse William Reinsch, assessor comercial do governo Clinton e consultor sênior do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, em Washington.
“Se os EUA continuarem a ignorar ou intimidar os países da região, o pêndulo de influência oscilará em direção à China”, disse Reinsch. “Se Biden tiver um plano confiável para restaurar a presença e influência dos EUA na região, o pêndulo pode voltar em nossa direção.”
Fonte: Infomoney