O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) divulgou, nesta terça-feira (20), a primeira etapa do Plano de Agricultura de Baixo Carbono (ABC) + 2020-2030, que apresenta bases conceituais e os objetivos estratégicos para a promoção da agropecuária de baixa emissão de carbono no Brasil nos próximos anos.
O anúncio acontece dias antes da Cúpula do Clima, que começa na quinta-feira (22) e irá reunir 40 chefes de Estados para discutir o que pode ser feito sobre o aquecimento global.
Na ocasião, espera-se que o presidente norte-americano, Joe Biden, pressione o Brasil em relação, principalmente, ao desmatamento na Amazônia.
No início do mês, em uma reunião on-line com o secretário da Agricultura dos Estados Unidos, Tom Vilsack, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que preocupações com o meio ambiente não devem ser barreiras ao comércio.
O plano ABC+ 2020-2030 é uma continuidade do que esteve em vigor entre 2010-2020 e que, segundo o ministério, colocou em prática 6 técnicas de produção voltadas para a sustentabilidade, como o sistema de plantio direto, reflorestamento e tratamento de dejetos animais.
Com as medidas, a pasta afirma ter alcançado 115% da meta, com uma mitigação equivalente a 170 milhões de toneladas de gás carbônico.
Nova década
O maior desafio do plano até 2030 é disseminar as práticas aos pequenos produtores e à agricultura familiar, disse a ministra Tereza Cristina.
Segundo o governo, a nova política tem o objetivo de ampliar a adoção de práticas e tecnologias sustentáveis para melhoria da renda do produtor e o enfrentamento das mudanças climáticas. Nesta terça, no entanto, não houve anúncio de quais serão as metas.
Mais detalhes do Plano ABC+ devem ser lançados até julho, quando ele chegará à sua segunda etapa e haverá uma consulta pública sobre o projeto, afirmou a coordenadora geral de mudanças do clima do Ministério da Agricultura, Fabiana Villa Alves.
Na próxima década, a intenção é promover a “adaptação da agropecuária brasileira às mudanças do clima, mitigação das emissões dos gases do efeito estufa, com aumento de resiliência e eficiência dos sistemas produtivos por meio da gestão integrada da paisagem”, explicou a coordenadora geral de mudanças do clima do Ministério da Agricultura, Fabiana Villa Alves.
“Uma das ações do plano diretor da Embrapa é ampliar, até 2025, em 10 milhões de hectares as áreas com Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) no país”, afirmou o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Celso Moretti.
Outras estratégias delimitadas pela pasta foram:
- incentivo da regularização ambiental das propriedades rurais;
- transferência de tecnologia, capacitação e assistência técnica;
- estimulo à pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico;
- fomento a instrumentos econômicos, financeiros e fiscais;
- sistema de gestão integrada de dados e informação.
O plano também pretende apoiar a criação de grupos gestores estaduais para que formulem planos de ação condizentes com as características técnicas, ambientais e operacionais de cada região.
Emissões de CO2 na agropecuária
A agropecuária é considerada uma das grandes fontes de emissões de gases do efeito estufa no Brasil. Os bois são um dos principais emissores do gás carbônico, pois, após comerem o capim, degradam a matéria orgânica dentro do estômago e acabam gerando o metano, que será liberado na atmosfera pelo seu arroto.
Um exemplo destas emissões, na prática, é o município de São Félix do Xingu (PA), que tem o maior rebanho bovino do país e é uma das cidades com a maior taxa de emissão de CO2, o principal gás do efeito estufa, segundo dados do Observatório do Clima lançado no mês passado.
Não apenas os animais contribuem para a agropecuária ter o sinal vermelho para o aquecimento global. Há outros motivos, como as plantações alagadas, que liberam óxido nitroso dos fertilizantes nitrogenados.
Fonte: G1