Os preços do minério de ferro em queda livre reduziram em cerca de US$ 40 bilhões o valor de mercado da Vale. Com isso, a mineradora perdeu o título de empresa mais valiosa da América Latina para o Mercado Livre.
Em abril, a companhia superou a marca dos US$ 100 bilhões em valor de mercado, justamente em um cenário de alta da commodity no exterior.
No entanto, com a desvalorização de 32% da ação da Vale em relação à máxima registrada no fim de julho em dólar, a mineradora agora está atrás da gigante de comércio eletrônico argentina atualmente avaliada em US$ 90 bilhões, mais de US$ 480 bilhões, após o forte desempenho do seu negócio fintech no último trimestre.
Após o fechamento do pregão, o valor de mercado da Vale hoje é de R$ 433,99 bilhões, segundo dados da B3.
Nesta segunda-feira, os papéis ordinários da companhia (VALE3, com direito a voto) caíram 3,30%, negociados a R$ 83,31.
Entre as causas para a redução do valor da commodity estão a situação da gigante imobiliária chinesa Evergrande. Esta semana é decisiva para a empresa, pois ela tem várias dívidas a vencer até quinta-feira, e o temor é de calote. A companhia é a incorporadora mais endividada do mundo, com US$ 300 bilhões em débitos.
As dificuldades da Evergrande podem impor um freio ao setor de construção civil na China e, assim, reduzir a demanda por aço.
E isso influencia negativamente a cotação do minério de ferro, que vem em franca desvalorização nas últimas semanas. A Evergrande é uma das grandes consumidoras de produtos do setor siderúrgico.
O minério com teor de 62% de ferro, principal referência do mercado, fechou o dia em queda de 8,8% no porto chinês de Qingdao, cotado a US$ 92,98 por tonelada.
Os contratos futuros da commodity, negoaciados em Cingapura, despencaram 11,5% nesta segunda-feira. Os preços despencaram cerca de 60% desde um recorde em maio, e estão abaixo dos US$ 100 pela primeira vez em mais de um ano, à medida que a demanda chinesa diminui.
Além do caso Evergrande, a desaceleração da economia chinesa e a preocupação do governo local em cumprir metas de redução das emissões de carbono também são fatores que levam à desvalorização dos preços.
Rebaixamento de compra
Na semana passada, o UBS anunciou um duplo rebaixamento de recomendação para os ADRs da Vale, de compra para venda, enquanto o Bradesco BBI vê riscos em um ambiente volátil para os preços das commodities com tendência baixista.
Se o minério de ferro for negociado a US$ 90 em média no próximo ano, o Ebitda da Vale pode ficar abaixo da estimativa de consenso para 2022 em 38%.
O impacto na Vale poderia ser ainda pior se a mineradora não tivesse anunciado US$ 13,8 bilhões em remuneração aos acionistas até agora neste ano.
Fonte: O Globo