Do Vale do Silício, nos Estados Unidos, a Y Combinator quer selecionar negócios da América do Sul para seu programa de startups
A aceleradora americana Y Combinator (YC) quer se aproximar do mercado de startups da América do Sul. Atuando no setor desde 2005 com investimentos em empresas como Airbnb, Rappi e Dropbox, a YC vem a São Paulo em maio para entrevistar, pela primeira vez in loco, cerca de 100 startups da região – as que passarem na seleção serão convocadas para participar em junho do programa de verão da aceleradora na cidade de Mountain View, na Califórnia.
A ideia da YC é estreitar uma relação que já existia: há algum tempo ela investe em startups da América do Sul, como a colombiana Rappi e as brasileiras Quero Educação e Kovi. “Até então os fundadores tinham que ir até o Vale do Silício fazer a entrevista para a seleção. O plano agora é irmos até as startups, o que é mais fácil para elas e também é uma forma de conhecermos pessoalmente um novo mercado”, disse Dalton Caldwell, sócio da YC, em entrevista ao Estado.
Dalton Caldwell, sócio da YC, durante reunião com fundadores de startups
Nos programas da aceleradora, todas as startups selecionadas recebem um investimento de US$ 150 mil. Além do aporte, as empresas ficam durante três meses no Vale do Silício para participar de mentorias e ter acesso a uma rede de investidores. Para Caldwell, um dos pontos fortes do programa é a troca de conhecimento entre as próprias startups participantes: “Empresas de diversos países trocam experiências e técnicas diferentes. É interessante ficar imerso no Vale, mesmo que o plano da startup seja atuar no seu país de origem”, afirma.
O time da YC vai ficar em São Paulo durante três dias. Apesar da previsão de 100 entrevistas, a aceleradora não tem uma meta de seleção: serão convocadas as empresas que se destacarem, independentemente de seu país de origem.
Felipe Matos, autor do livro 10 Mil Startups, vê com bons olhos a vinda da YC. “É mais uma oportunidade de aceleração de startups para as empresas brasileiras. A YC é a maior e mais conceituada aceleradora do mundo e agrega muito em termos de redes de contato, visibilidade de startups e abre portas com investidores globais”, diz.
Potencial
A aceleradora decidiu buscar negócios na América do Sul em 2020 porque vem identificando a qualidade das startups da região, explica o sócio da YC. “É um mercado que está crescendo muito rápido. A região tem uma alta penetração de smartphones, o que é uma oportunidade gigante para o desenvolvimento de serviços digitais”, diz Caldwell.
Ao todo, a YC já investiu em 75 startups da América do Sul – ela também é investidora da Brex, uma startup americana de cartões de crédito fundada por dois brasileiros. Desde sua fundação, a aceleradora realizou aportes em mais de 2 mil startups no mundo.
O modelo de entrevistas locais começou a ser adotado no ano passado, quando a aceleradora viajou para a cidade de Paris, na França, para Bangalore, na Índia, e para Tel Aviv, em Israel. Para o seu programa de verão de 2020, além de São Paulo, a YC vai visitar Paris e Bangalore.
Foto: Dalton Caldwell, sócio da YC, durante reunião com fundadores de startups