O governo federal lançou nesta sexta-feira a Cédula de Produto Rural (CPR) Verde, título criado para financiar a conservação da floresta em pé acima do exigido por lei, em uma espécie de pagamento por serviço ambiental aos produtores pela preservação e manutenção da vegetação nativa nas propriedades.
A CPR já existe desde 1994 e a versão “verde” está sendo construída desde o início do ano. O instrumento é um dos trunfos que o governo pretende apresentar na Conferência do Clima das Nações Unidas (Cop 26), em Glasgow, na Escócia, em novembro.
O Ministério da Economia estima um mercado potencial de R$ 30 bilhões em quatro anos levando-se em conta a certificação de créditos de carbono das florestas brasileiras.
Durante cerimônia no Palácio do Planalto, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmo que a adoção da CPR Verde é uma inovação em termos mundiais. Ele afrimou que o futuro é “verde e digital” e que o Brasil “já está no futuro”.
— Quem tem uma propriedade rural e preserva ao mesmo tempo que está produzindo, ele começa receber, pela primeira vez, pagamentos por serviços ambientais. O pagamento por serviços ambientais vai trazer bilhões para a preservação do meio ambiente, para florestas, para parques — disse Guedes.
Pelo CPR tradicional — um dos principais instrumentos de financiamento privado dos produtores rurais — o produtor antecipa o recebimento de dinheiro para custear a safra em troca da promessa de entregar parte da produção, como milho e soja.
Com o CPR Verde, no lugar de entregar as Com a CPR Verde, ao invés de entregar os produtos tradicionais, produtor poderá negociar a manutenção da reserva florestal na propriedade com empresas que queiram zerar as emissões de carbono, por exemplo. Ou seja, uma empresa ou investidor que quer reduzir a emissão de carbono pode pagar para um produtor rural manter a floresta em pé.
A ideia é que o título permita tanto a negociação da preservação de árvores bem como o sequestro de carbono realizado por elas. O produtor rural pode se capitalizar com a renda extra e o investidor poderá negociar os créditos de carbono originados na operação.
O título foi pensado como uma forma de compensar o produtor rural pela manutenção da floresta em pé.
— Investidores, olhem o Brasil como uma oportunidade de alocação de investimentos de baixo carbono — disse o secretário Adjunto de Clima e Relações Internacionais do Ministério do Meio Ambiente, Marcelo Freire.
A cédula é uma das iniciativas do programa brasileiro de crescimento verde e será divulgada junto com outras ações, disse o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida.
Ele fez um convite a investidores europeus e americanos preocupados com a preservação ambiental no Brasil para investir.
— É um instrumento voluntário, via mercado, entre entes privados — disse.
Fonte: O Globo