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A Justos ainda nem saiu do papel — mas já levantou R$ 200 milhões

A Justos — uma insurtech de seguro auto — acaba de levantar US$ 36 milhões (R$ 200 milhões, no câmbio de hoje) numa das maiores rodadas Série A da América Latina e uma das maiores do mundo numa startup ainda em estágio pré-operacional.

O cheque foi 4x maior que o tamanho padrão de uma Série A no Brasil e 20x a média das rodadas seed.

Mesmo assim, investidores que participaram do round dizem que “foi uma guerra pra entrar,” e que alguns fundos interessados tiveram que ficar de fora.

A captação foi liderada pela Ribbit Capital — a gestora americana especializada em fintechs que já investiu na Coinbase, Robinhood e Nubank — e teve a participação do Softbank.

Também acompanharam a rodada o fundador do Nubank, David Vélez; o da Kavak, Carlos Garcia; e os fundos Big Bets e Kaszek. Todos já tinham investido no seed.

A capitalização — que os céticos dirão ser uma prova da exuberância irracional no mercado de VC — é uma aposta na capacidade de execução e na tecnologia de machine learning desenvolvida pelos três fundadores: o indiano Dhaval Chadha, o mexicano Jorge Soto Moreno e o espanhol Antonio Mollins.

Dhaval fundou a healthtech Vivo no Vale do Silício e vendeu a empresa em 2018 para a ClassPass, onde liderou brevemente a expansão da empresa no Brasil.

Antonio tem dois PhDs — medicina em Harvard e engenharia no MIT — e trabalhou sete anos na Netflix, onde foi o responsável por criar o algoritmo que faz as recomendações de séries e filmes.

Já Jorge cofundou duas startups — a Miroculus, de biotecnologia, e a Citivox, de previsão de crimes — e foi o diretor de inovação do gabinete do Presidente do México de setembro de 2013 até dezembro do ano seguinte.

No ano passado, os três se reencontraram e começaram a pensar em quais indústrias poderiam ser mais ‘disruptadas’ pelo uso de machine learning.

“Vimos que o mercado de seguros era um dos que precisava de mais renovação: o preço é alto, a experiência é ruim, e ninguém usa tecnologia de verdade,” Dhaval disse ao Brazil Journal.

Em maio, a Justos fez uma rodada seed e lançou um aplicativo para começar a coletar dados: a startup fez uma promoção que premiava os melhores motoristas com três anos de seguro grátis.

O resultado: uma fila de espera de mais de 12 mil pessoas interessadas em contratar o seguro.

Para participar da promoção, o motorista tinha que baixar o app, que coleta dados como aceleração, velocidade, frenagem em curvas e a distração do condutor (por exemplo, se ele fala ou usa o celular enquanto dirige). Depois de colher esses dados por 80 km, a startup cria um score do motorista.

“O preço é caro nas seguradoras porque elas não avaliam o risco de cada cliente específico. Se tem um jovem que dirige muito mal, ele impacta no preço de todos os jovens.”

A ideia é que o seguro seja mensal, e que o motorista ganhe um desconto todos os meses (em cima do preço-base), de acordo com a qualidade de sua direção naquele mês.

“A lógica é que a gente acabe atraindo os melhores motoristas, o que tende a diminuir o número de sinistros,” disse Dhaval. “Além disso, mesmo os motoristas médios e ruins tendem a se tornar motoristas melhores com esse incentivo.”

Apesar disso, a expectativa do fundador é que a Justos tenha um loss ratio (a divisão da sinistralidade pelo prêmio pago) igual ou até um pouco maior que o das seguradoras tradicionais, já que o preço que ela vai cobrar será sensivelmente menor.

A Justos vai fazer seu debut ainda este ano, mas a ideia é começar a operar com um número reduzido de clientes — apenas os melhores motoristas dentre os 12 mil da lista de espera.

A startup vai operar num modelo conhecido como Managing General Agent (MGA): ela fez uma parceria com uma seguradora — a Excelsior — o que elimina a necessidade de obter uma licença da Susep.

“Na prática, a gente vai desenvolver e cuidar de tudo: a experiência, precificação, gestão da carteira,” disse o fundador. “Eles basicamente vão emprestar o balanço.”

A Justos pretende se diferenciar de gigantes como a Porto Seguro abaixando o preço e melhorando a experiência — por exemplo, encurtando o intervalo entre cotação e compra e o tempo para consertar e devolver o carro no caso de sinistro.

Fonte: Brazil Journal

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