O câmbio e a inflação das commodities continuam jogando contra, e bares e restaurantes ainda não voltaram ao patamar pré-pandemia — ainda assim, a Ambev entregou mais um trimestre de crescimento de receita e volumes.
No terceiro trimestre reportado agora há pouco, a Ambev viu sua receita líquida crescer 20,8% para R$ 18,5 bilhões; na operação brasileira, a alta foi de 17,1%. Em volume, a expansão total foi de 7,7%, com o Brasil registrando um percentual um pouco maior, de 8%.
O lucro líquido ajustado ajustado subiu 50%, para R$ 3,7 bilhões no 3Q21.
O CFO Lucas Lira disse ao Brazil Journal que a empresa conseguiu um crescimento “bastante saudável” tendo em vista a base de comparação “desafiadora.”
O volume cresceu apesar do terceiro tri do ano passado já ter tido uma expansão de 25%, o que levou muitos analistas a projetar que os volumes ficariam de lado agora.
Com isso, o volume acumulado em 12 meses atingiu 180 milhões de hectolitros no 3Q21, ante 177 milhões no acumulado do 2Q21 — um novo recorde histórico. O volume de 12 meses havia batido um low histórico de 158 milhões de hectolitros no 2Q20, que marcou o começo da pandemia.
O resultado de hoje sugere que as transformações estruturais do CEO Jean Jereissati estão garantindo um novo patamar de volumes para a empresa.
“Nosso time acertou muito a mão na inovação e na tecnologia e também ao gerenciar a crise e manter a guarda alta,” disse o CFO. “Não foi fácil, mas não perdemos o longo prazo de vista e, felizmente, temos acertado mais que errado.”
Os novos produtos mantiveram um share de mais de 20% da receita consolidada da Ambev. Depois da Brahma Duplo Malte, nos próximos meses a Ambev deve dobrar a aposta na cerveja alemã Spaten, após um piloto muito bem sucedido em algumas praças no início do ano.
No terceiro trimestre, o BEES alcançou mais de 85% dos clientes ativos da empresa contra 70% no trimestre anterior; o marketplace B2B bateu recorde de compradores e teve o melhor NPS desde seu início. Já Zé Delivery, o app de delivery, atendeu mais de 15 milhões de pedidos no trimestre, repetindo o desempenho do 2Q.
Com o avanço da vacinação em todos os países em que a Ambev atua, os bares e restaurantes estão reabrindo. Mas esse canal, essencial para o negócio da empresa, ainda não voltou ao patamar pré-pandemia.
“Um desafio nosso nesse fim de ano é apoiar a retomada da chamada ‘ocasião de consumo’ fora de casa, que sempre foi a fortaleza da companhia,” disse Lucas.
A Ambev começou a reajustar preços no final de setembro e início de outubro, mas desde o ano passado vem concentrando os maiores reajustes nos produtos descartáveis, como latas e long necks.
O reajuste é menor nas embalagens retornáveis utilizadas em bares e restaurantes — uma forma da companhia dar mais fôlego à recuperação deste segmento.
No trimestre passado, o câmbio e a inflação das commodities continuaram pressionando os custos mas, segundo o CFO, numa intensidade menor. Ele disse, no entanto, que essa pressão vai continuar existindo.
O custo por hectolitro aumentou 18,5% e o SG&A cresceu 19,3%, afetado principalmente pelas provisões de remuneração variável. Como resultado, o EBITDA ajustado aumentou 9,4%, para R$ 5,07 bilhões.
“Justamente por isso temos de continuar focando no operacional, nesse embalo de volumes, receitas e investimentos de longo prazo, que vem realmente puxando nossa recuperação do ano passado para cá. É isso que vai continuar fazendo a diferença daqui para a frente.”
Fonte: Brazil Journal