Pressionada pelo relatório climático divulgado pela ONU, a empresa afirmou, em carta aberta, que vai proibir conteúdos que espalhem desinformação. Entenda o motivo.
Na última semana, o Pinterest entrou para a lista das empresas comprometidas com as mudanças climáticas, após receber uma carta aberta da The Conscious Advertising Network (CAN).
A mensagem foi endereçada também à presidência da COP 26, à UNFCCC e aos CEOs do Facebook, Instagram, Google, Twitter, TikTok e Reddit e pedia ao Pinterest e a outras grandes empresas de tecnologia que reprimissem, principalmente, a desinformação climática.
Na carta, a CAN diz “O problema que estamos tentando resolver é que muitas das grandes plataformas de tecnologia atualmente não têm políticas de desinformação climática. Em agosto de 2021, um estudo da New Guard e da Comscore descobriu que US$ 2,6 bilhões estavam sendo gastos por grandes marcas anunciando em sites de desinformação. Claramente, há um risco significativo de que a COP 26 possa ser seriamente prejudicada por desinformação ou mesmo que a violência possa ser inspirada por essa desinformação. Isso deve mudar.”
Para isso, a carta aberta pede às empresas de tecnologia que:
- Implementem políticas de desinformação sobre o clima que se estendam ao conteúdo, algoritmos e a publicidade;
- Produza e divulgue um plano empresarial 100% transparente para eliminar a disseminação de desinformação climática em sua plataforma;
- Compartilhe sua pesquisa interna sobre como a desinformação climática se espalha em sua plataforma com pesquisadores e jornalistas.
O que será proibido postar no Pinterest?
De acordo com a própria rede social em resposta à carta aberta, será proibido dentro da plataforma qualquer tipo de:
- Conteúdo que negue a existência ou os impactos das mudanças climáticas, a influência humana nas mudanças climáticas ou que as mudanças climáticas sejam apoiadas por consenso científico;
- Conteúdo falso ou enganoso sobre soluções para mudanças climáticas que contradizem consenso científico bem estabelecido;
- Conteúdo que deturpe dados científicos, inclusive por omissão ou escolha seletiva, a fim de minar a confiança na ciência climática e nos especialistas;
- Conteúdo prejudicial falso ou enganoso sobre emergências de segurança pública, incluindo desastres naturais e eventos climáticos extremos.
ESG será o futuro de todas as empresas?
A preocupação com assuntos de sustentabilidade não é novidade. A sigla ESG vem do inglês Environmental (Ambiental, E), Social (Social, S) e Governance (Governança, G), e foi criada em 2004 pela ONU e pelo Banco Mundial para engajar as empresas nesses temas.
O objetivo é beneficiar os negócios, as pessoas e o meio ambiente, sem que as empresas deixem de lucrar por isso.E, cada vez mais, os consumidores e investidores se importam com o tema. Segundo relatório da PwC, 57% dos ativos de fundos mútuos na Europa estarão em investimentos que consideram os critérios ESG até 2025. Ainda, 77% dos investidores institucionais afirmam que planejam parar de comprar produtos não-ESGnos próximos dois anos.
Recentemente, as empresas de tecnologia são as que mais enfrentam pressões para conter a desinformação climática, movimento que provavelmente não vai acabar tão cedo. O Google, por exemplo, anunciou em outubro que deixaria de veicular anúncios em vídeos e conteúdo do YouTube promovendo falsas alegações sobre as mudanças climáticas, embora uma pesquisa do Centro de Combate ao Ódio Digital (CCDH) tenha descoberto que isso não estava sendo 100% seguido.
Outro exemplo é a Meta, que disse no ano passado que começaria a rotular algumas postagens sobre mudanças climáticas com links para seu “Centro de Informações sobre Ciência do Clima”. No entanto, em fevereiro, a CCDH disse que a gigante da tecnologia rotulou somente metade das postagens dos principais editores mundiais de negação climática.
Fonte: Exame