A fim de transformar o setor empresarial brasileiro, o Movimento Elas Lideram 2030, desenvolvido pelo Pacto Global da ONU Brasil em parceria com a ONU Mulheres, mostrou o que é preciso para colocar 30% de mulheres em cargos de liderança até 2025: ação. Durante o primeiro workshop da jornada, nesta terça-feira (31), em São Paulo, as conversas destacaram o quanto é importante unir a teoria sobre pautas de diversidade a ações que resultem não apenas em número positivos, mas em mudanças efetivas na cultura organizacional.
Com foco em Igualdade de Gênero, o Movimento pretende colocar mais de 11 mil mulheres em cargos de alta liderança até 2030, além de reduzir o gap de remuneração entre homens e mulheres e o turnover de mulheres na volta da licença-maternidade.
Tayná Leite (Pacto Global da ONU Brasil) e Flávia Muniz (ONU Mulheres) destacaram a importância de entender a história de luta feminina ao longo dos anos. Segundo elas, o olhar do passado ajuda a entender as evoluções já conquistadas e o motivo desta ser considerada a “década da ação” para colocar a agenda de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU em andamento.
Para Margareth Goldemberg, do Movimento Mulher 360, alcançar esses objetivos pode ser mais difícil dentro de pequenas e médias empresas brasileiras, que ainda enxergam a equidade como um “mimimi”, e não como tema central a ser desenvolvido.
Mais que números
Ainda que o cenário de contratações femininas tenha avançado nos últimos anos, os cargos de liderança ainda são ocupados majoritariamente por homens. Head de Sustentabilidade do Grupo Soma/Animale, Taciana Abreu diz que a empresa conta com 70% de mulheres, mas o Conselho ainda é um desafio (com 5 homens e 2 mulheres).
O recente relatório Tendências em Gestão de Pessoas 2022, realizado pelo Great Place to Work, apontou que, após um crescimento da preocupação com o tema, em 2022 o assunto registrou retração na lista de prioridades das companhias.
A queda na preocupação com diversidade é um reflexo da falta de um bom alinhamento entre teoria e ação, como proposto pelo Movimento Elas Lideram. Goldemberg ressalta que “inclusão não é só abrir vagas” e, por isso, o Movimento foca em ajudar mulheres a conseguirem cargos nos quais possam participar com voz ativa na tomada de decisões.
Como destaca Luciana Ceccato, diretora de Marketing do Uber, além da necessidade de criar metas mensuráveis para o assunto, é preciso tratar o tema como as próprias pautas de negócios. “Na Uber, apresentamos os resultados de inclusão no mesmo momento e para as mesmas pessoas para quem mostramos os resultados dos negócios”, conta.
Para evitar um retrocesso no avanço feminino no universo corporativo, Goldemberg dá um passo a passo para as empresas:
– Manter o engajamento (não vendo as contratações já feitas como “o suficiente”);
– Entender a interseccionalidade dos temas (gênero, raça, etarismo, PCDs…);
– Transparência na definição de metas e resultados conquistados;
– E, por fim, manter a persistência e resiliência para que o tema se mantenha sempre em pauta.
Este primeiro workshop teve como tema “Direitos humanos e a igualdade de gênero nos Negócios”. O próximo encontro do movimento está previsto para 21 de junho, com o tema “Mulheres: interesecções e atravessamentos na experiências das mulheres no mercado de trabalho”.
Fonte: Época Negócios