Os produtos de marca própria dos varejistas feitos com a Amicci já somam R$ 1,6 bi em faturamento
Com a inflação corroendo os bolsos das famílias brasileiras, as marcas próprias de varejistas como Carrefour podem significar uma economia e tanto para o consumidor — às vezes, de 40% — e um negócio para uma miríade de indústrias de alimentos.
De olho nas oportunidades do mercado de private label, a Amicci acaba de levantar R$ 40 milhões em uma rodada série A liderada pela Astella. A DGF Investimentos e a Scale Up Ventures, da Endeavor, também participaram do aporte.
Enquanto nos Estados Unidos o mercado de private label é gigantesco, movimentando quase US$ 200 bilhões — os dados são da Private Label Manufacturers, uma associação setorial —, no Brasil a indústria de marcas próprias só movimenta R$ 8 bilhões. Ainda. A aposta da Amicci é que isso vai mudar, engordando seu mercado endereçável.
O modelo da Amicci começa no estudo do mercado, passando pelo desenvolvimento dos produtos até a gestão das vendas. Por meio de uma equipe especializada e tecnologia proprietária, a plataforma permite que varejistas tenham acesso a sugestões de tipos de produtos com base no comportamento dos seus clientes. Depois da escolha do projeto, a startup faz toda a identidade visual do novo produto, localiza os melhores fornecedores e cuida da gesto de vendas.
“Quando você lança uma marca, você compõe um custo. Se é uma multinacional, tem que pagar salários de executivos lá fora, fazer retornar capex de uma fábrica ou de um grande investimento… Tem custos ineficientes. E quem paga por isso é o consumidor”, diz Johnny Reitzfeld, CEO e cofundador da Amicci.
“O que o varejo tem como principal ativo é o ponto de venda. Quando ele pega direto da indústria e usa isso como alavanca de marketing, consegue ter um produto mais barato e fidelizar o cliente”, complementa.
A startup já conta com uma base de mais de 4 mil fornecedores nacionais e 20 mil internacionais, atendendo a 235 clientes pelo Brasil que, juntos, representam cerca de R$ 160 bilhões de faturamento agregado. Nos mais de 16 mil pontos de venda, os produtos feitos com a Amicci já somam R$ 1,6 bilhão em faturamento.
Só no Carrefour, um dos varejistas que utilizam o serviço da Amicci, a venda de produtos de marca própria já representa 20% das vendas. Alguns dos outros clientes da startup são Petz, Daki, Ultragaz, Rede Economia e Prezunic.
Com um formato de marketplace B2B, a Amicci monetiza cobrando um percentual das vendas do lado dos fornecedores, sem cobrar nada das varejistas. “É muito mais baixo do que qualquer representante comercial. A indústria consegue oferecer um produto e ter capilaridade grande e custo mais baixo do que se tivesse um representante de varejo.”
Quem primeiro teve a ideia da Amicci foi Reitzfeld, ainda na faculdade, aos 18 anos, quando foi fazer um intercâmbio na Austrália e se tornou adepto dos itens de marca própria para economizar.
Depois de formado, trabalhou em bancos de investimento como Itaú BBA e Goldman Sachs e acabou conhecendo seu cofundador e então diretor de private label para o Walmart na América Latina, Antônio Sá. Depois de uma conversa, decidiram criar a Amicci em 2016. Em seis de trajetória, já lançaram 5 mil SKUs em mais de 150 categorias, entre produtos pet, limpeza, alimentos, bebidas e outros tipos.
Apesar de já ter um modelo provado e assegurar não ter problemas com geração de caixa, o capital chega para automatizar algumas etapas do processo e escalar o negócio. “A Amicci chegou para a gente na tração, com um modelo de negócio resiliente financiado com o próprio crescimento. Então, é investir em pessoas e tecnologia para colocar isso em um outro patamar de maneira mais acelerada”, diz Daniel Chalfon, responsável pelo investimento da Astella.
Antes da rodada liderada pela Astella, a startup havia levantado US$ 800 mil com investidores anjos.
Fonte: Pipeline Valor