Fundo Fifth Wall liderou follow-on da rodada Série C de R$ 500 milhões anunciada em maio deste ano
A Solfácil, ecossistema de soluções de energia solar, anunciou nesta quinta-feira (22/9) a captação de US$ 30 milhões (R$ 157 milhões) em um follow-on liderado pelo fundo de venture capital Fifth Wall. O aporte complementa o investimento Série C de US$ 100 milhões (R$ 500 milhões) levantado em maio. Fundada em 2018, a startup concede financiamentos e oferece produtos e serviços para pessoas físicas, PMEs e produtores rurais que querem usar energia solar.
Para Fabio Carrara, fundador e CEO da startup, dois fatores justificam o novo aporte. A temática do aquecimento global, que se tornou ainda mais urgente com a guerra entre Ucrânia e Rússia e o consequente impacto no fornecimento de energia para a Europa, é um deles. O segundo motivo, de acordo com ele, é decorrência do primeiro: com cada vez mais alertas climáticos e o aumento da busca por energia de fontes renováveis em todo o mundo, os players de private equity voltaram suas atenções para o assunto, estruturando fundos e iniciativas para investir em startups que forneçam soluções para o problema.
Carrara conta que a Solfácil foi ativamente abordada ao final da Série C pelo Fifth Wall, que montou recentemente um fundo de climate tech. “Estamos vendo o ambiente de tecnologia mais estressado, as startups se preparam para um período mais difícil para levantar capital nos próximos meses. Aproveitamos a oportunidade para capitalizar a empresa e ter mais tranquilidade”, declara Carrara.
O CEO afirma que o investimento será utilizado, em parte, para financiar os empréstimos que a startup faz para os clientes. A fintech realiza financiamentos de até 144 meses em um modelo B2B2C. Ou seja, a Solfácil oferece crédito a quem quer usar energia solar por meio dos chamados parceiros integradores, que atraem os consumidores e instalam os painéis.
Outra parte do dinheiro irá para desenvolvimento de tecnologia. No mês passado, a empresa lançou o Ampera, hardware com tecnologia proprietária que teve investimento de R$ 20 milhões. O produto promete melhorar a conexão entre fornecedores e consumidores. A solução, que não precisa de internet para funcionar, dispara avisos para sinalizar problemas que possam causar perda de energia e gera dados de produção e consumo.
“Não temos interesse em gerar a energia solar em si, mas estamos trabalhando em versões mais baratas do Ampera, com novas funcionalidades para aumentar o nível de segurança”, diz o fundador. O marketplace, que já conta com milhares de combinações de kits de energia solar para os integradores oferecerem aos clientes, também receberá investimento.
Apesar de ter se tornado a terceira maior fonte na matriz elétrica brasileira — atrás de geração hidrelétrica e eólica —, segundo levantamento feito pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o uso de energia solar no Brasil ainda é incipiente. “A penetração no Brasil é muito baixa, menos de 2% das residências. Em países como Austrália, esse índice já está próximo de 30%. Serão décadas de crescimento, mas, no futuro, provavelmente todas as pessoas vão produzir a própria energia não só por sustentabilidade, mas por necessidade”, ressalta Carrara.
Apesar de não divulgar o valor de mercado da startup, o CEO afirma que a Solfácil deve quintuplicar o faturamento em 2022 — atingindo a casa das centenas de milhões. Com quase 100 mil clientes atualmente, a startup espera atender 1 milhão de consumidores finais em cinco anos.
Fonte: Revista PEGN