Se você é do Rio de Janeiro, provavelmente já ouviu falar da Zerezes. Com uma proposta diferente de vender óculos de grau aos clientes, a empresa expandiu sua presença na capital carioca e em São Paulo, e agora está preparada para avançar nacionalmente. Para isso, a empresa levantou um aporte de R$ 20 milhões.
A rodada foi liderada pela Shift Capital, com a participação da Order VC, e será chave para a abertura de novas lojas, mirando mercados estratégicos como São Paulo e outras capitais como Brasíia, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre, a partir do ano que vem. Um detalhe: diferentemente de outras lojas de óculos, o plano da companhia é manter um controle próximo das operações – ou seja: sem franquias.
Segundo os fundadores da Zerezes, serão 12 lojas físicas (sendo 8 no Rio e 4 em São Paulo) em 2022, além de uma intensificação da presença no digital, o que deve resultar em um faturamento de R$ 35 milhões. Para o ano que vem, a ambição é chegar aos R$ 60 milhões, focando focando na abertura de novas lojas.
Rodrigo Latini, cofundador e CEO da Zerezes, apontou que a busca por aporte não era uma prioridade para a empresa, que já está no mercado há 10 anos, e experimentou um bom crescimento orgânico nos últimos anos. Porém, o alinhamento com a Shift foi um diferencial na hora de aceitar o cheque.
“A princípio não fazia sentido para nós fazer uma captação com venture capital, pois não somos um tipo de empresa com prazo de saída. Porém a Shift entende outros pontos como crescimento de marca e construção a longo prazo”, afirma Rodrigo, em entrevista ao Startups. Só para dar um contexto, a Shift investiu em redes de lojas como a The Coffee. Além disso, além dos dois fundos, quem também colocou seu dinheiro no plano da Zerezes foi Marcello Bastos, cofundador da Farm e do Grupo Soma.
“A Farm pra gente é um exemplo de marca e crescimento de longo prazo. É uma companhia de 25 de mercado e que hoje tem mais de R$ 1 bilhão em faturamento anual”, aponta Rodrigo.
Modelo diferente
Ok, mas como a Zerezes acabou se tornando um nome quente no mercado de óticas? Segundo os fundadores, a proposta foi a de descomplicar o processo de compra de óculos de grau. Para Hugo Galindo, diretor criativo e também cofundador da companhia, o mercado óptico esqueceu a prioridade do consumidor para focar na sua necessidade, que é a de vender lentes. “Foi um problema que o mercado acabou criando por ser do jeito que é”, explica Hugo.
No caso da Zerezes, saem de cena as diferentes opções de lentes – geralmente com preços altíssimos, num modelo meio impressora e cartucho de tinta, manja? – para o consumidor escolher. A empresa trabalha apenas com a sua lente própria e foca no design e diferentes modelos de óculos para seduzir o consumidor. Além disso, nas lojas, em vez de atendentes usando jalecos, o objetivo é ajudar os consumidores a escolher os óculos que melhor combinam, por um preço mais acessível.
“Treinamos nossos vendedores a entender o rosto do cliente, tonalidade de pele, para sugerir quais as armações que estilos que combinam”, completa Rodrigo, destacando que hoje a empresa já possui de 80 a 100 modelos diferentes, todos com design próprio. O foco na experiência também se refletiu na plataforma online da Zerezes.
Aliás, o e-commerce da empresa funciona por um modelo um tanto peculiar: a empresa envia modelos de armação sem custo para o consumidor, baseado nos dados colocados na plataforma. Em casa, a pessoa pode experimentar, escolhe seu modelo preferido, devolve a caixa e dias depois recebe os óculos com a lente pedida.
É um modelo um tanto custoso do ponto de vista logístico, mas segundo os sócios, tem sido uma estratégia valiosa para construir a marca nos pontos onde a Zerezes ainda não tem presença física. Conforme explica Rodrigo, atualmente as vendas da startup são de 35% no digital e 65% no físico. “Investimos também na multicanalidade, então um cliente pode fazer sua primeira compra no físico, mas utilizar suas informações já cadastradas para comprar um outro modelo no digital, por exemplo”, afirma.
Expansão controlada
Por falar em expansão física, a Zerezes quer manter os pés bem fincados no chão neste plano. Nas palavras da própria startup, o plano geral é “encurtar o caminho entre as pessoas e seus óculos ideais”, e isso vale tanto para o físico quanto para o digital. Por exmeplo, no mercado norte-americano, a venda de óculos via canais online é 14 vezes maior que no Brasil.
Mesmo assim, a visão de construção de marca passa pelos pontos físicos, e em mercados como o de São Paulo, a Zerezes não quer margem pra erro. “Usamos o digital para fazer o ‘buzz’ e chegamos de forma impactante nos pontos de venda, conhecendo os agentes locais e com um nível diferenciado de experiência”, afirma Luiz Eduardo Rocha, o terceiro cofundador da empresa.
Para entregar a experiência desejada, a decisão foi abrir mão do plano de franquias, algo bastante comum no mercado de óculos, e que fez a fortuna de marcas como a Chili Beans, por exemplo. A Zerezes quer manter o controle próximo, com lojas de alto valor agregado – o investimento em cada uma é de R$ 300 mil a R$ 500 mil.
Mesmo com o alto investimento, o retorno tem aparecido. A primeira loja aberta pela companhia em São Paulo, no bairro dos Jardins, vem registrando um faturamento três vezes acima que o esperado, tanto que a empresa já planeja novas lojas na capital paulista, que segundo eles tem um potencial de superar os números das lojas no Rio de Janeiro, onde a Zerezes tem maior presença.
Mesmo com os números favoráveis, Luiz afirma que o plano é não ter pressa. “Não queremos abrir em quatro cidades ao mesmo tempo, e sim entrar de forma contundente em uma ou duas de cada vez”, explica. Rodrigo completa: “Nosso foco é manter o encantamento com os clientes, e nenhum modelo de franquia consegue entregar tanta qualidade”, finaliza o CEO.
Fonte: Startups