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Começou com R$ 30 mil vendendo camisas num Chevette; hoje fatura R$ 200 mi


Aos 17 anos, Raritom Pasquini, 48, pediu R$ 15 mil emprestados ao pai para confeccionar camisas e vender a lojistas das cidades na região de São José do Rio Preto (SP). Outro sócio entrou com mais R$ 15 mil no negócio. De tanto parar na estrada “para rezar, pedir proteção, saúde e boas vendas”, a marca foi batizada de Acostamento. No ano passado, a empresa faturou R$ 200 milhões. O lucro não foi divulgado.

“Mesmo sem ter carteira de habilitação na época, eu e meu sócio saíamos a bordo do Chevette de meu pai pelo interior de São Paulo para vender as camisas”, declara. Nas viagens, levavam 400 peças de roupa e vendiam quase tudo. O sócio saiu do negócio em 2011.

No início, em 1992, a confecção era terceirizada em empresas de pequeno porte da cidade —uma só cortava, a outra costurava e a terceira pregava os botões, arrematava, passava e embalava.

Dois anos depois, os sócios abriram uma confecção própria na cidade. Antonino, pai de Pasquini, também entrou na sociedade, saindo em 2019, ano em que a empresa foi transferida para Itajaí (SC).

Em outubro, a empresa lançou a marca Vicinal, com investimento de R$ 10 milhões. Hoje, Pasquini é dono do Grupo Pasquini, que tem quatro empresas: Acostamento, Vicinal, Pasqui Fios (produção de fios para fazer a malha das roupas) e Pasquini Empreendimentos (construtora que faz casas de luxo no interior de São Paulo).

Só a Acostamento emprega 550 funcionários diretos e mais 3.000 indiretos. A marca está em cerca de 4.000 lojas multimarcas em todo o país. São cerca de 1.400 itens.

De laranjas a tecidos

Pasquini começou a trabalhar aos 10 anos, em 1984, colhendo laranjas em uma fazenda na cidade. O pagamento era semanal, mas já na primeira semana não recebeu o dinheiro. “Não retornei mais. Já aos 10 anos, pensava que precisava fazer algo para ganhar dinheiro”, declara.

Na adolescência, ele trabalhou em uma loja de móveis, foi office-boy em um cartório e vendeu cosméticos. Aos 16 anos, começou a trabalhar em uma loja de tecidos por quilo. Lá, o dono aproveitava sobras de tecidos para fazer camisas, e Pasquini saía para vender as peças na região.

“Com o tempo, os clientes começaram a reclamar, pediam novidades e modelos mais variados, o que a pronta-entrega do alfaiate da loja de tecidos não supria”, diz. Foi nesse momento que teve um insight para criar a sua própria marca com uma oferta maior de produtos.

É arriscado empreender sem planejamento financeiro

Wilson Borges, consultor de negócios do Sebrae-SP, diz que Pasquini tem características empreendedoras, como ser persistente e buscar por oportunidades, mas correu risco ao empreender sem ter feito um planejamento detalhado do negócio.

“Provavelmente lá no início, Pasquini não fez planejamento financeiro, estratégico, de marketing, para abrir a Acostamento. Isso poderia ter sido ruim para o negócio, mas ele soube buscar oportunidades, ao entender as necessidades do cliente. Ele fez o melhor que pôde fazer com o que tinha no momento”, declara.

Borges faz, no entanto, um alerta para qualquer pessoa que queira empreender: é muito arriscado fazer isso às cegas, sem planejamento financeiro, investindo todo o dinheiro no negócio, pois corre o risco de ficar sem capital de giro.

O consultor diz que um ponto de atenção da empresa é a logística da distribuição da marca. “Como a empresa abastece mais de 4.000 pontos de venda, a logística deve ser impecável, para garantir a entrega das roupas, e enxuta, para não encarecer os produtos”, afirma.

Onde encontrar:

Acostamento – https://www.acostamento.com.br/

Fonte: Uol

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