Bilionário chinês de tecnologia está sob pressão e escrutínio do governo há mais de dois anos
O Ant Group, companhia chinesa criada pelo empresário Jack Ma e dona da carteira digital Alipay, comunicou que o fundador vai abrir mão do controle acionário, reduzindo seu poder de voto de pouco mais de 50% para 6,2%. Há dois anos o mercado cogitava uma movimentação desse tipo, com as companhias de tecnologia sob pressão do governo chinês e acusações a Ma de promover concorrência desleal.
No comunicado ao mercado publicado no sábado, o Ant definiu a movimentação como uma “otimização da governança corporativa”. Desde 2021, a companhia também alterou o conselho de administração, colocando metade das cadeiras para membros independentes e criou comitês de proteção dos direitos do consumidor, ESG e gestão de risco. A empresa vem buscando maior independência em relação à acionista Alibaba. Em meados do ano passado, executivos da Ant deixaram a partnership da Alibaba.
Não há mudança na posição cada veículo ligado a Ma na Ant (Hangzhou Junhan segue com 31,04% e Hangzhou Junao com 22,42%), mas uma redistribuição das ações na estrutura desses fundos acionistas e no exercício de voto, que passará a distribuído entre outras 10 pessoas, incluindo representantes da administração e dos funcionários, dando fim a acordos de acionistas de veículos investidores que concentravam esse poder no empresário.
“Após os ajustes, Hangzhou Junhan e Hangzhou Junao vão exercer seus direitos de voto de forma independente no Ant Group. Nenhum acionista sozinho ou junto a outro acionista terá o poder de controle das decisões da companhia ou poder de indicar a maioria do conselho de administração”, diz o comunicado. A companhia não informou se houve transação financeira na recomposição de poder dentro de cada veículo acionista ou somente redistribuição.
Em novembro de 2020, a Ant teve que suspender repentinamente seu IPO, inicialmente programado no mercado americano e depois reformulado para a bolsa de Hong Kong, que não foi adiante. Com a pulverização do controle, a companhia vai retomar o plano de listagem.
Com declarações contrárias às atitudes do presidente Xi Jinping, Ma viu seus outros negócios também sob maior escrutínio publico, incluindo a gigante de ecommerce Alibaba. Nos últimos dois anos, Ma passou a maior parte do tempo fora da China, com receios de retaliações.
Fonte: Pipeline Valor