Startup americana de recursos humanos facilita o processo de contratação entre fronteiras; empresa anuncia chegada ao Brasil
Na briga global por talentos, ao que tudo indica, vale de tudo. Da extensão do leque de benefícios à disposição de funcionários a maior flexbilidade de jornadas de trabalho, empresas lançam mão de estratégias para manter relevância ante uma concorrência cada vez mais acirrada para conquistar uma mão de obra qualificada — e ainda escassa — mundo afora.
Na esteira desses esforços está também o desejo por importar profissionais como uma maneira de ampliar operações de empresas locais em escala internacional. Por acreditar nessa tendência e para dar suporte a companhias que pretendem formar equipes transfronteiriças que o executivo Rick Hammell fundou a HRTech Atlas, que chega oficialmente ao Brasil nesta segunda-feira, 13.
Como o negócio surgiu
Fundada em 2015, na cidade americana Chicago, a Atlas nasceu da visão de Hammel — executivo com larga experiência no setor de recursos humanos — de que as empresas deveriam desenvolver seus produtos e serviços e sustentar suas teses de crescimento com base em equipes diversas, culturalmente e geograficamente.
A ideia para o negócio surgiu de uma demanda por contratação de profissionais estrangeiros na própria empresa em que trabalhava, à época como líder de recursos humanos. Em busca de soluções que pudessem otimizar o processo (que tinha tudo para ser burocrático e moroso), Hammell recorreu à internet para encontrar empresas que prestassem o serviço e se deparou com a ausência de companhias que unificassem todo o processo, da parte legal aos procedimentos de responsabilidade do RH, em um único ambiente.
O cenário mais comum era o de companhias oferecendo o serviço de contratação global a partir da união de diversos prestadores terceirizados. “Lembro de perguntar aos concorrentes: por que vocês fazem desse jeito? Não faz nenhum sentido”, diz Hammel.
A dificuldade de contratar internacionalmente levou Hammel, dois anos depois, a criar seu próprio provedor e modelo de negócio, batizado por ele de Employer of Record (EOR), que consiste basicamente na contratação de pessoas em qualquer lugar do mundo.
A diferença da Atlas aos demais players da época com propostas parecidas, segundo Hammel, era o modelo de negócio direto e sem intermediações.
O que faz a Atlas
A proposta da startup é facilitar a contratação de funcionários entre fronteiras. Com uma plataforma própria, a HRTech se dispõe a solucionar para empresas contratantes todo tipo de imbróglio legal, de compliance e trabalhista, respeitando as particularidades de cada país.
O foco da Atlas está nas pequenas e médias companhias que desejam expandir para outras regiões, permitindo menores custos e menos riscos legais ao conectá-las a times locais que conhecem as minúcias de cada país — atualmente, a startup opera em 160 países. Todo o processo de contratação, do onboarding ao gerenciamento e pagamento, é feito pela Atlas.
Segundo Hammell, o foco nas pequenas e médias empresas se justifica pelos maiores riscos assumidos por operações menores em ofensivas como a de internacionalização. “São companhias que tradicionalmente têm mais a perder caso operações de expansão internacional. Além disso, ao encontrar novos talentos vindos de fora, essas empresas se tornam mais competitivas”, diz. “Ajudamos empresas a encontrar talentos, retê-los e economizar dinheiro”.
A expansão internacional da Atlas vem na esteira de um aporte série B de US$ 200 milhões recebido em setembro de 2022.
Por que o Brasil?
A startup desembarca oficialmente no Brasil, com a inauguração de uma sede para operação local. Com isso, a Atlas passa a atender empresas brasileiras que desejam contratar profissionais de outros países – até o momento, a relação com o Brasil era apenas a de conectar funcionários brasileiros a empresas de fora.
Sem divulgar os valores de investimento para a chegada a terras brasileiras, Hammell afirma que a aposta se justifica pela infinidade de talentos no país. “É um lugar fenomenal para encontrar talentos, e também para impulsionar o uso de uma tecnologia como a da Atlas em toda América Latina”.
O ambiente regulatório cinzento e a complexidade legal não espantam a startup. Pelo contário. Hammel afirma que o cenário pode ser positivo para a Atlas, especialmente pela parceria com startups do setor que já têm certo destaque no país. “O Brasil tem muitas startups incríveis, e não vemos competitividade com as empresas de RH. O que queremos é nos aliar a elas e, com essas parcerias, ajudar empresas e executivos de RH a crescerem mais e mais rápido”.
Na liderança da operação regional da Atlas está Adriano Araújo, ex-presidente da Dunnhumby na América Latina. Ao lado dele estão Maíra Gracini, VP de Marketing, e Carlos Butori, VP de Desenvolvimento de Negócios.
“Estamos colocando muito dinheiro nessa estratégia e esperamos que o Braisl represente cerca de 10% da receita da Atlas no futuro”, finaliza Hammell.
Fonte: Exame