Taxa de desocupação chegou a 7,9% no trimestre encerrado em dezembro. Contigente de pessoas descocupadas chega a 8,6 milhões no período
A taxa média de desemprego no Brasil caiu para 9,3% em 2022 após atingir 13,2% em 2021. Mas a melhora no mercado de trabalho veio acompanhada de uma queda na renda média do trabalhador, informou nesta terça-feira o IBGE.
- A taxa de desemprego média de 2022, de 9,3%, é a menor desde 2015, quando ficou em 8,6%.
- O resultado foi melhor do que o estimado pelo mercado. A previsão era de 9,5%, segundo levantamento do Valor.
- O Brasil ainda tem, porém, 10 milhões de desempregados.
- A renda média habitual dos trabalhadores brasileiros ficou em R$ 2.715, valor 1% menor do que o apurado em 2021.
- As perdas na renda refletem o aumento da inflação, que corrói o poder de compra dos trabalhadores.
- No trimestre encerrado em dezembro, a taxa de desemprego ficou em 7,9%, contra 8,7% registrado em setembro.
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) e mostram que o mercado de trabalho apresenta recuperação após o impacto da pandemia da Covid-19, ultrapassando o patamar pré-pandemia.
O número de trabalhadores ocupados cresceu 7,4% em relação a 2021, chegando a 98 milhões, segundo o IBGE.
O nível de ocupação também cresceu pelo segundo ano consecutivo, após o menor patamar em 2020 (51,2%) e registrou 56,6%, em 2022.
Taxa de informalidade cresce
O ano de 2022 fechou com o valor médio anual do rendimento real habitual estimado em R$ 2.715, o que representa 1% a menos que 2021, perda de R$ 28. Já a média anual da massa de rendimento chegou a R$ 261,3 bilhões e atingiu o maior patamar da série, com alta de 6,9% (mais R$ 16,9 bilhões) em relação a 2021.
A PNAD Contínua também registrou queda na taxa média anual da informalidade, que saiu de 40,1% em 2021 para 39,6% em 2022.
Emprego sem carteira atinge maior patamar
O ano de 2022 também registrou aumento no número de empregados com carteira de trabalho assinada. O empego com carteira subiu 9,2% e chegou a 35,9 milhões de pessoas, consolidando a reversão da tendência iniciada em 2021.
Já a média anual de empregados sem carteira assinada também aumentou de 2021 para 2022: 14,9%, passando de 11,2 milhões para 12,9 milhões de pessoas, atingindo seu maior patamar da série histórica.
Comércio e serviços puxam alta
O crescimento do mercado de trabalho entre 2021 e 2022 foi disseminado entre as diversas atividades econômicas. Destaque para Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas, que acumulou ganho de 9,4% (mais 1,6 milhão de pessoas) e chegou a cerca de 18,9 milhões de pessoas ocupadas no setor.
A atividade que engloba “outros serviços” foi a com maior percentual de aumento da população ocupada, 17,8%, atingindo 5,2 milhões de trabalhadores. A segunda maior alta foi de Alojamento e alimentação, que cresceu 15,8% e viu o contingente de pessoas ocupadas atingir 5,4 milhões.
Apenas o setor de Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura teve queda percentual da população ocupada (-1,6%). A estimativa é que 8,7 milhões de trabalhadores estavam ocupados no setor em 2022.
O que esperar do mercado de trabalho em 2023
O mercado de trabalho exibiu uma melhora ao longo de 2022, mas os dados de novembro já indicavam perda de fôlego na redução da desocupação.
O Indicador Antecedente de Emprego do FGV IBRE apontou queda de 0,8 ponto em janeiro, para 73,9 pontos. Segundo Rodolpho Tobler, economista do FGV IBRE, as expectativas de desaceleração econômica em 2023 não deixam muitas esperanças de que o indicador volte a sinalizar uma trajetória positiva.
“Com a pandemia cada vez mais no passado, quem vai ditar o ritmo de recuperação do mercado de trabalho é a atividade econômica”, avaliou, em comentário.
Atrasos na pesquisa por causa do Censo
As pesquisas de emprego divulgadas nesta terça-feira pelo IBGE tiveram suas publicações adiadas porque o instituto precisou remanejar recursos para tentar acelerar a coleta de dados do Censo 2022, que sofre com atrasos e falta de orçamento e pessoal.
Segundo o IBGE, foi preciso usar “parte da rede de coleta da Pnad Contínua” para reforçar as equipes do Censo 2022.
Os dados da pesquisa trimestral deveriam ter sido divulgados, pelo calendário original, em 31 de janeiro. Já o levantamento da Pnad mensal estava previsto antes para ser publicado em 15 de fevereiro.
Fonte: O Globo