A rede de franquias cresceu mais de 100% em número de lojas em 2022, ritmo que pretende manter para este ano
“Vamos tomar um café juntos? Os fundadores da Mais1.Café, infelizmente, não tinham tempo para desfrutar do café que realmente gostavam – algo mais elaborado e de melhor qualidade. Naquela época, estavam envolvidos com outra franquia chamada Sniper, um negócio de tiro ao alvo com armas de airsoft.
No entanto, quando voltaram ao escritório, tiveram uma ideia brilhante: por que não criar uma franquia de café? Foi assim que o negócio surgiu em 2019. Por trás da experiência com a Sniper, os quatro empreendedores contavam com a franqueadora PDMG, que já possuía um modelo estruturado para explorar outras oportunidades. O Mais1 Café aproveitou essa vantagem.
“Nós não éramos especialistas em café e não sabíamos muito sobre isso. Nós éramos uma franqueadora, não tínhamos uma cafeteria, mas decidimos criar uma franquia e inserir um café nela”, afirma Gare Marques, cofundador e diretor de marketing. Os outros sócios são Vinicius Delatorre, diretor operacional, Alan Parise, diretor de Expansão, e Hilston Guerim, diretor Jurídico e de Projetos.
A operação começou a se desenvolver, e quatro meses depois, a primeira loja foi inaugurada em Curitiba, cidade natal dos empreendedores, com um modelo de “comprar e levar” – também conhecido como “coffee to go”. No cardápio, um blend especial feito com café 100% arábica proveniente das fazendas da Alta Mogiana, uma região conhecida por sua produção de cafés de alta qualidade. Além disso, ofereciam croissants importados da França e donuts da Polônia.
O negócio decolou e, em menos de um ano, a rede já contava com 100 unidades de franquias. Segundo dados recentes da ABF (Associação Brasileira de Franchising), a rede cresceu impressionantes 108,5%, saltando de 189 para 394 unidades entre 2021 e 2022, e conquistou o 48º lugar no ranking das 50 maiores franquias do país.
“Estamos abrindo uma nova franquia a cada 30 horas”, diz Marques. O rápido crescimento fez com que os sócios direcionassem 100% de seu foco para a Mais1.Café. A Sniper sofreu muito com a pandemia, já que seus principais pontos de venda em shoppings ficaram fechados ou com restrições de fluxo de pessoas, e acabou encerrando suas operações.
O Mais1.Café é o sétimo empreendimento de Marques, que tem uma história curiosa no mundo do empreendedorismo, tendo experimentado negócios que vão desde empresas de alto-falantes automotivos até uma equipe na Stock Car e uma marca de sandálias personalizadas para exportação. Apesar de ter enfrentado desafios, ele acredita que todas essas experiências o ajudaram a ter sucesso no presente. “O importante é não desistir.”
O modelo de negócio da Mais1.Café se baseia na praticidade para atender clientes que estão “de passagem”: eles entram na loja, fazem o pedido e consomem os produtos em casa ou no trabalho. Em média, cada pedido gera uma receita de R$ 23,00.
Esse conceito permite que as lojas da franquia não precisem de espaços muito grandes. Na verdade, a média é de 20 metros quadrados, o que significa menores custos de aluguel e contratação de funcionários. Muitas lojas possuem totens digitais para fazer os pedidos, o que requer apenas um barista por vez para operar.
Além do café, que responde por 40% do faturamento, os salgados são responsáveis por outros 40%, enquanto os 20% restantes vêm da venda de produtos e acessórios, como canecas, drip coffee e cápsulas de café.
“A nossa expansão é rápida porque trabalhamos com diversos formatos de lojas. Temos cafeterias em contêiner, drive-thru e algumas que estão dentro de outros estabelecimentos, sublocando espaços”, explica o executivo. O investimento para abrir uma franquia é de R$ 180 mil.
A Mais1.Café também tem acelerado seu crescimento através de parcerias estratégicas, as chamadas collabs. A marca tem produtos em colaboração com empresas conhecidas, como Nutella, Nestlé (Kitkat, Negresco etc.) e Minions (em acordo com a Universal Products & Experiences). Recentemente, estabeleceram uma parceria com a Gol para proporcionar uma experiência única aos clientes. No último ano, as vendas dessas colaborações representaram 32% do faturamento total. A rede fechou o ano de 2022 com uma receita de 70 milhões de reais, um aumento de 119% em relação a 2021.
Marques enfatiza que, ao se associar a marcas tradicionais, eles atraem novos públicos e melhoram a experiência do cliente, além de fortalecer a credibilidade do negócio.
Quanto aos próximos passos da franquia para manter o ritmo de crescimento, a Mais1.Café já está presente em 25 estados do Brasil, embora ainda haja uma concentração maior no Sul e Sudeste, principalmente em cidades do Paraná, Santa Catarina e São Paulo. A estratégia agora é aumentar sua presença no Rio de Janeiro e na região Nordeste.
O futuro do negócio, segundo Marques, está ligado ao aumento da demanda por cafés especiais no país, seguindo a tendência de popularização similar ao que ocorreu com o vinho e a cerveja artesanal. Outra oportunidade de crescimento está nos cafés gelados, um mercado incipiente no Brasil, mas consolidado em países como Estados Unidos e Europa.
Além disso, a empresa tem planos de internacionalização. Já estão em fase de testes, com a inauguração da primeira unidade no Paraguai recentemente e outra prevista para agosto. No entanto, Marques ressalta que eles estão cautelosos quanto à expansão internacional, pois ainda existem muitas oportunidades a explorar no Brasil.
Ao somar todos esses cenários, a combinação pode levar a Mais1.Café a ter 3 mil lojas em 10 anos. No curto prazo, a meta é alcançar 800 unidades até dezembro do mesmo ano, com um faturamento de 130 milhões de reais.
Apesar do crescimento veloz, a rede enfrentará desafios para manter esse ritmo. Com o aumento do número de franquias de café e cafeterias no setor, a concorrência está se intensificando, oferecendo novas opções, sabores e modelos de negócios. Por outro lado, a demanda pode não acompanhar esse crescimento. A ABF aponta que as franquias de alimentação, categoria na qual as cafeterias estão inseridas, cresceram 10,4% em faturamento entre 2021 e 2022. Assim, fica a questão: será que há espaço para tantas franquias de café? Isso é algo a ser observado ao longo dos anos.”
Fonte: Exame