Como os pequenos produtores e os serviços de delivery de orgânicos movimentam a economia e ajudam o meio ambiente
Antigamente, era comum consumir o que se produzia localmente. No entanto, ao longo do tempo, nos afastamos da prática de plantar e a agricultura passou por uma transformação, tornando-se um processo industrializado que se desconectou de seu propósito original.
O uso de agrotóxicos, fertilizantes, transgênicos, desmatamento e poluição tomaram conta do cenário, tornando o caminho do alimento até a mesa do consumidor um grande problema.
Felizmente, há sinais de mudança nos últimos anos. Segundo os resultados iniciais do Estudo Nutrinet, que acompanha os hábitos alimentares no país, a frequência de consumo de frutas e hortaliças aumentou de 40,2% para 44,6%. Os pequenos produtores têm desempenhado um papel significativo nesse contexto.
O agronegócio representa uma parte importante da economia brasileira, sendo responsável por 24,8% do PIB em 2022. Dentre esse total, cerca de 25% é proveniente da agricultura familiar, mostrando que 5% do PIB brasileiro tem origem nos pequenos empreendedores rurais. Atualmente, o país possui 4,1 milhões de pequenos produtores, o que corresponde a cerca de 84% de todas as propriedades rurais do país.
O advento da tecnologia desempenhou um papel fundamental na mudança desse cenário. Através de aplicativos que conectam os pequenos produtores diretamente aos consumidores finais, a comercialização dos produtos agrícolas se tornou mais eficiente e sustentável. A inteligência artificial possibilita um cultivo mais direcionado, reduzindo o desperdício e favorecendo objetivos sociais.
Essas mudanças estão impactando positivamente a vida das pessoas e movimentando os negócios de diversas maneiras:
- Redução do desperdício de alimentos: A conscientização sobre a origem dos alimentos aumentou, especialmente durante a pandemia, que intensificou a crise econômica e a desigualdade social. Com mais de 33,1 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar e mais de 27 milhões de toneladas de alimentos desperdiçados anualmente, as pessoas estão buscando marcas alinhadas com seus princípios e valores, mostrando disposição para pagar mais por produtos sustentáveis e responsáveis.
- Fortalecimento da economia local: Ao apoiar os pequenos produtores, a economia local é estimulada, gerando empregos e renda para a comunidade. A conexão direta entre produtores e consumidores em cadeias curtas de comercialização também reduz a necessidade de transporte de longa distância, diminuindo as emissões de gases de efeito estufa.
- Aumento da margem de comercialização do produtor: A conexão direta com os consumidores tende a aumentar a margem de lucro dos produtores. O comércio eletrônico tem sido cada vez mais relevante nesse aspecto, impulsionando a venda de frutas e produtos hortícolas de forma mais eficiente.
- Impacto positivo no meio ambiente: Os pequenos produtores conectados a esses serviços de entrega tendem a adotar práticas mais sustentáveis, atendendo à demanda dos consumidores modernos. A busca por produtos cultivados organicamente e com manejo correto dos recursos naturais cresce, contribuindo para a preservação da biodiversidade local. A adoção de práticas agroecológicas também é incentivada, o que beneficia o meio ambiente e a produção de alimentos saudáveis.
Em suma, a tecnologia e a conscientização estão transformando a forma como nos relacionamos com os alimentos, permitindo que a agricultura familiar e os pequenos produtores desempenhem um papel relevante na economia e na sustentabilidade do país. Essas mudanças são essenciais para garantir um futuro mais saudável e equilibrado para todos.
Fonte: Exame
