Luis Xavier Rojas, vice-presidente da companhia, enxerga diferentes desafios entre Estados Unidos, Europa e Brasil, sobretudo com a atual demanda reduzida por carne
Para manter sua posição de destaque no mercado de saúde animal, a multinacional Zoetis não se concentra apenas em seus clientes diretos, os pecuaristas, mas também monitora atentamente o comportamento dos consumidores de proteína animal. Além do gado de corte, aves, suínos e ovos desempenham um papel importante na alimentação da população, que busca informações sobre a origem dos alimentos. Luis Xavier Rojas, vice-presidente da Zoetis no Brasil, revela à EXAME que existem diferentes realidades em diferentes continentes, o que torna o negócio complexo, incluindo as variações nos perfis de consumidores em todo o mundo.
“Na Europa e nos Estados Unidos, que são duas grandes regiões produtoras, enfrentam desafios diversos. Se não são questões ambientais, são preocupações com o bem-estar dos animais e o surgimento de alternativas à proteína animal. Há muitas pressões sobre a produção”, afirma.
No Brasil, embora existam obstáculos semelhantes, a quantidade e qualidade da proteína produzida são fatores distintivos da produção nacional. O desafio aqui, de acordo com Rojas, é encontrar um equilíbrio entre o preço pago ao produtor e o preço repassado ao consumidor.
Preço pago a quem produz e a quem consome
Para os pecuaristas brasileiros, as margens entre a criação, recriação e engorda estão sob pressão, principalmente devido aos custos de alimentação animal, que representam cerca de 70% das despesas da pecuária de corte. Além disso, a demanda externa diminuiu, resultando em um excedente de carne disponível no mercado interno.
“A inversão do ciclo da carne, com a venda de vacas, mostra que todos estão entrando no mercado em busca de maior rentabilidade. Isso levou a um excesso de carne”, diz o executivo da Zoetis.
A estratégia é confiar que o aumento do volume vendido no mercado interno compense a queda nos preços pagos aos produtores, devido à abundante oferta.
A avaliação de Rojas sobre os preços da carne bovina para o consumidor brasileiro é que eles estão em um patamar mais baixo em comparação com os concorrentes internacionais, devido ao nível superior de tecnificação e eficiência na produção brasileira.
“Até recentemente, essa redução de preço não chegava ao consumidor final, mas agora está começando a se tornar mais acessível”, afirma.
Desempenho no mercado
A Zoetis, listada na bolsa de valores dos Estados Unidos há pouco mais de 10 anos, se tornou independente da empresa farmacêutica Pfizer e entrou no mercado competindo com gigantes do mesmo setor de saúde animal.
Apenas no segundo trimestre deste ano, a Zoetis registrou uma receita de 2,2 bilhões de dólares. Além disso, o lucro líquido aumentou 27% no mesmo período, atingindo 671 milhões de dólares.
As projeções da empresa apontam que a receita anual ficará na faixa de US$ 8,5 bilhões a US$ 8,65 bilhões, com um aumento de 6% a 8% em relação a 2022, quando a receita foi de 8,1 bilhões de dólares, representando um crescimento de 2,8%. Além disso, nos últimos três anos, a empresa viu seu lucro por ação crescer a uma taxa de 12% ao ano.
Fonte: Exame