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‘Made in Brazil’: como funciona a produção local da Shein — que já conta com 330 fábricas

Desde o anúncio da operação local, em março, a Shein já produziu quatro mil modelos de roupas no Brasil

A varejista de moda Shein continua sua expansão produtiva no Brasil. Desde o anúncio da operação local em março, a marca estabeleceu parcerias com 330 fábricas em 12 estados, das quais 213 já estão em plena produção. Até o momento, foram confeccionados quatro mil modelos de roupas no Brasil. Agora, a marca revela o lançamento de novas linhas de roupas ‘made in Brazil’, abrangendo categorias como plus size, fitness, moda praia e moda íntima.

Os planos da Shein para o mercado brasileiro são bastante ambiciosos, e não estão condicionados à regulamentação da importação de produtos do exterior. A empresa prevê que, dentro de três anos, 85% de suas vendas serão compostas por produtos fabricados localmente no Brasil. Para concretizar essa meta, a companhia já realizou um investimento inicial de R$ 750 milhões e tem a ambição de estabelecer parceria com 2.000 fábricas até 2026.

A operação de produção local da Shein é liderada por Fabiana Magalhães, uma executiva com experiência em empresas como AliExpress, Dafiti, Marisa e Riachuelo. Ela encabeça uma equipe de 80 colaboradores responsáveis pela gestão do mercado local, pela criação de marcas próprias e pelo desenvolvimento de parcerias com a indústria da moda no Brasil.

“Nosso objetivo é fomentar o crescimento da indústria local por meio da transferência de tecnologia e da metodologia exclusiva da Shein. Estamos determinados a transformar o Brasil em um polo de exportação para toda a América Latina”, afirma a diretora.

O modelo de produção da Shein no Brasil difere do varejo tradicional, uma vez que se baseia na produção em pequena escala, evitando grandes estoques. A marca produz pequenos lotes de roupas, geralmente entre 100 a 200 peças, que são anunciados em seu e-commerce. Caso haja demanda por essas peças, novas encomendas são feitas aos fornecedores.

No Brasil, o processo, desde a pesquisa e confecção até a divulgação das peças no site, ocorre em um período de 30 a 40 dias, e o processo de reposição é realizado, em média, a cada duas semanas. Para garantir uma maior agilidade aos fornecedores parceiros, a Shein compartilha todos os dados de vendas em tempo real.

Fabiana Magalhães explica: “Contamos com uma equipe de planejamento e tendências que analisa as passarelas, as tendências da moda e as necessidades dos consumidores. Cada tendência é validada com o auxílio de tecnologia, por meio da análise de dados.”

Para atender às demandas da Shein, os fornecedores precisam se adaptar ao modelo de produção ágil e dinâmico da marca. A diretora acredita que a empresa se tornou um caso de sucesso que atrai muitos parceiros interessados em fazer parte dessa fase de inovação no mercado.

Os parceiros estão localizados em diversos estados, incluindo Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Norte.

Sobre a questão dos preços da Shein, existe um consenso de que eles são mais competitivos em comparação com outras varejistas de moda no Brasil. Entretanto, de acordo com um relatório do BTG Pactual, que faz parte do mesmo grupo controlador da EXAME, a vantagem de preço da empresa asiática diminuiu nos últimos seis meses. Isso se deve, em parte, ao novo sistema de importação para compras no exterior, que tornou a Shein e outras plataformas asiáticas menos competitivas. Mesmo assim, a empresa ainda consegue oferecer preços significativamente menores em comparação com marcas como Renner, C&A e Riachuelo, com uma diferença de preço variando de 17% a 26%.

A marca nega ter aumentado os preços de seus produtos, tanto os importados quanto os fabricados no Brasil. Recentemente, a Shein anunciou a isenção do ICMS em compras de até US$ 50, na tentativa de manter os preços finais para os consumidores inalterados.

Quanto à produção local, Fabiana Magalhães assegura que é possível fabricar algumas peças até mais baratas do que as importadas. “Com a produção local, não enfrentamos os custos logísticos da importação e contamos com matéria-prima nacional de alta qualidade, o que fortalece nossa competitividade e nossa missão de oferecer moda de qualidade a preços acessíveis”, afirma.

Fonte: Exame

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