Consultor Marcelo Cherto destaca os quatro principais motivos que levam à adoção dessa estratégia
Quando a pandemia da Covid-19 chegou ao Brasil em março de 2020, muitos prognosticaram que o comércio eletrônico logo superaria o comércio físico no país, tornando-se o principal canal de venda para uma ampla gama de produtos. Pessoalmente, nunca compartilhei dessa crença.
Afinal, mesmo na China, onde o comércio eletrônico desempenha um papel maior do que no Brasil, as lojas físicas ainda dominam a maioria das categorias de produtos. Mesmo o gigante do comércio eletrônico, Alibaba, continua expandindo sua rede de supermercados FreshHippo.
É verdade que durante o auge da pandemia, o comércio eletrônico experimentou um crescimento significativo, muitas vezes como a única alternativa disponível. No entanto, à medida que a situação de saúde pública se normalizou, os consumidores brasileiros voltaram a demonstrar seu desejo por interação social e preferência por experiências presenciais, levando a um ressurgimento das compras em lojas físicas.
Tal é a magnitude desse fenômeno que cada vez mais fabricantes reconhecem a importância de direcionar seus esforços para as vendas físicas, inclusive por meio da criação de lojas exclusivas (monomarca) de tijolo e cimento. Várias indústrias já adotaram essa estratégia, incluindo empresas como Bauducco, Havaianas, Hope Underwear, Nike, Samsung, Swift, Ambev e Dengo.
A seguir, analisaremos os principais motivos por trás da adoção dessa estratégia:
- Controle aprimorado da experiência do consumidor: Nas lojas monomarca, sejam operadas pela própria empresa ou por franqueados, a marca tem total controle sobre a experiência do consumidor, abrangendo desde o ambiente físico da loja até o atendimento, precificação, promoções, uniformidade dos funcionários, scripts de vendas, gestão de objeções e diversos outros detalhes. Isso ajuda a estabelecer uma conexão emocional sólida entre o cliente e a marca, garantindo que ele vivencie os produtos da maneira que foram concebidos.
- Reforço de branding e posicionamento: Lojas monomarca são poderosas ferramentas de branding, permitindo que a marca incorpore seus atributos de forma mais eficaz e tangível do que outros canais de venda.
- Coleta de feedback de alta qualidade: As lojas monomarca, mesmo quando operadas por franqueados, proporcionam à empresa detentora da marca informações valiosas sobre o consumidor final, incluindo hábitos de consumo, comportamento na loja, preferências e percepções de produtos. Esses insights são valiosos para o desenvolvimento de novos produtos, melhorias nos existentes, design de embalagens e estratégias de relacionamento com o cliente.
- Aumento das vendas em outros canais: A implementação de lojas monomarca geralmente leva a um aumento nas vendas dos produtos da marca em outros canais, como lojas multimarcas e comércio eletrônico, sem prejudicar os pontos de venda exclusivos.
É importante destacar que aproveitar esses benefícios requer uma estruturação e gestão adequadas das lojas monomarca. Assim como em qualquer empreendimento empresarial, o sucesso não é garantido e depende de um planejamento cuidadoso, bem como da aquisição de expertise em varejo, gestão de lojas e logística.
É crucial notar que essa crença no fortalecimento do varejo físico não diminui a importância do comércio eletrônico. Pelo contrário, acredita-se que o futuro está no crescimento do “varejo phygital”, onde lojas físicas integram cada vez mais tecnologia, enquanto o comércio eletrônico utiliza esses locais como centros de logística e espaços para experimentação e fortalecimento da marca.
Fonte: Exame