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Cambaleante mas ainda viva, a Americanas tenta imaginar um futuro

A Americanas revelou hoje a extensão dos danos causados pela fraude e buscou apresentar uma visão de futuro após a aprovação de seu plano de recuperação.

Os principais pontos do balanço de 2022, apresentado pela primeira vez hoje, e a revisão dos resultados de 2021 são os seguintes:

  • Patrimônio líquido: – R$ 26,7 bilhões
  • EBITDA recorrente*: – R$ 2,4 bilhões (2021) e – R$ 4,1 bilhões (2022)
  • Diretriz EBITDA 2025*: R$ 1,5 bilhão
  • Prejuízo líquido: R$ 6,2 bilhões (2021) e R$ 12,9 bilhões (2022)
  • Dívida líquida: R$ 13,9 bilhões (2021) e R$ 26,3 bilhões (2022)
  • Dívida bruta: R$ 27,6 bilhões (2021) e R$ 37,3 bilhões (2022)
  • Diretriz dívida bruta 2025: R$ 1 bilhão a R$ 1,5 bilhão *Ex-IFRS (após custos de aluguel)

Embora os números sejam preocupantes, não causaram surpresa.

“Finalmente temos um balanço, o que abre espaço para que o plano de RJ seja votado,” disse um credor.

A Americanas e parte dos credores esperam convocar a assembleia de credores e votar o plano ainda este ano, caso seja aprovado, a dívida poderia diminuir para o intervalo entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão, alinhando a estrutura de capital da empresa.

A incerteza predominante é a viabilidade operacional da empresa. Embora a gestão tenha apresentado uma perspectiva positiva para o EBITDA de 2025, credores, gestores e analistas expressaram ceticismo diante das projeções e da disposição de fazer estimativas em meio a tantas incertezas.

“Acho que a empresa se adiantou. Já é difícil fazer projeções para varejistas que têm um nível maior de certezas. Imagina para a Americanas,” comentou um gestor.

O CEO Leonardo Coelho admite que a meta é ambiciosa, mas explicou por que a considera alcançável.

“A Americanas tem uma diferença para as demais empresas, que é uma grande disciplina de execução. Uma vez que o norte é dado, existe uma capacidade de implementar rapidamente,” afirmou Coelho ao Brazil Journal.

Esse norte implica uma operação mais racional do que no passado, com o foco mudando de aumentar o GMV para vender produtos com margem e de categorias em que a Americanas seja referência.

As lojas físicas, que não contam com vendedores, deixarão de oferecer produtos que geralmente dependem de um vendedor para auxiliar o consumidor. Esses produtos serão disponibilizados online, preferencialmente via 3P.

No ambiente online, os grandes descontos chegarão ao fim, e o parcelamento e o frete precisarão ser rentáveis. Além disso, ao vender produtos em que a Americanas é referência nas lojas físicas, a empresa dependerá menos dos contratos de VPC, as verbas de propaganda.

A expectativa é que o online atinja o ponto de equilíbrio em 2025 e seja substancialmente menor do que no passado, bem como menor que a operação física.

“A empresa está vendendo sonhos,” observou um gestor.

Uma dúvida do mercado é o posicionamento da auditoria externa, a BDO RCS, que se absteve de opinar sobre as demonstrações financeiras, alegando falta de evidências apropriadas e suficientes. Segundo Coelho, parte das ressalvas se deve à união das operações de B2W e Lojas Americanas, impactando o balanço de 2021.

Em relação à abstenção, a CFO Camille Faria afirmou que está ligada à falta de um plano de RJ, destacando dúvidas sobre a continuidade da empresa.

O plano de RJ apresentado pelo management prevê uma capitalização de R$ 12 bilhões por parte dos acionistas de referência, a conversão de outros R$ 12 bilhões de dívidas em equities e descontos no pagamento das dívidas. Também prevê que parte dos credores volte a financiar a empresa via antecipação de recebíveis performados e forneça fianças.

Fonte: Brazil Journal

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