Menos dependentes de crédito, grandes nomes do vestuário oferecem boas oportunidades de investimentos
Com a presença de juros elevados, vendas menos robustas, a concorrência de empresas estrangeiras e um considerável endividamento, as principais varejistas do país ficaram fora da recuperação da Bolsa de Valores em 2023. Entretanto, para o próximo ano, as perspectivas são positivas para o setor, especialmente devido à expectativa de redução da Selic (taxa básica de juros).
Embora os analistas mantenham uma abordagem cautelosa em relação aos gigantes do varejo de eletrodomésticos, eles apostam que o segmento de moda está mais bem posicionado para aproveitar a retomada do setor, por dois motivos principais: sua menor dependência de crédito e menor endividamento, o que oferece oportunidades atrativas de investimento.
José Eduardo Daronco, analista da Suno Research, destaca que o varejo de moda está em uma posição favorável devido à possível taxação das encomendas de concorrentes asiáticas pelo governo, e os consumidores dessas lojas não requerem tanto financiamento. Além disso, as empresas de vestuário apresentam uma estrutura de capital mais equilibrada.
A C&A emerge como destaque nessa recuperação, registrando um aumento surpreendente de mais de 200% na Bolsa em 2023. Apesar de apresentar prejuízo, a empresa tem gerado caixa, reduzido seu endividamento e experimentado crescimento nas vendas.
A Arezzo, voltada para clientes de classes mais elevadas, também recebe recomendação de compra, apesar da queda de 15% em 2023. A empresa adotou uma estratégia de crescimento inorgânico, via aquisições de marcas, e possui espaço para aumentar seu endividamento se necessário.
Outro nome no setor de alta renda é o Grupo Soma, com recomendação de compra pelo Goldman Sachs. Embora apresente oportunidades de crescimento, os analistas destacam desafios operacionais nas cadeias de abastecimento, canais de distribuição e outros elementos que precisam ser superados para uma recuperação mais sólida das ações.
Enquanto algumas varejistas, como a Renner, são apontadas como escolhas sólidas devido ao caixa líquido e à capacidade de expansão, a Guararapes, dona da Riachuelo, enfrenta desafios mesmo após a redução do endividamento, com a expectativa de retorno ao lucro em 2024.
A perspectiva geral para o setor de varejo em 2024 é otimista, impulsionada pela previsão de queda da Selic. No entanto, o varejo de moda ainda enfrenta desafios, como a crescente concorrência de empresas estrangeiras e riscos regulatórios, como a possível retomada do Imposto de Importação para compras internacionais.
Apesar desses desafios, há oportunidades para investidores no setor, e analistas recomendam manter uma abordagem cuidadosa, considerando fatores tributários e a presença de empresas estrangeiras, enquanto reconhecem a vantagem das empresas locais em compreender as nuances do mercado brasileiro.
Fonte: Folha