Embora a produtividade do segundo semestre tenha equilibrado o resultado do campo, a baixa capacidade dos portos criou entraves para exportações se concretizarem
Em 2023, as exportações de café diminuíram 0,4% em comparação com o ano anterior, totalizando 39,247 milhões de sacas de 60 quilos, de acordo com um levantamento do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) divulgado nesta segunda-feira, 15. Apesar de a entidade considerar esse declínio como estável, a receita proveniente das vendas externas teve um impacto mais significativo no setor.
No ano passado, a receita cambial experimentou uma redução de 13% em comparação anual, com os embarques gerando um rendimento total de US$ 8,041 bilhões em 2023. O declínio não foi atribuído ao desempenho dos cafezais, mas sim à logística, que se mostrou distante das fazendas.
O primeiro semestre de 2023 foi marcado por exportações mais restritas devido à menor disponibilidade de café após duas safras menores em 2021 e 2022, impactadas por condições climáticas adversas. No segundo semestre, houve uma recuperação significativa nas lavouras, especialmente na variedade robusta.
No entanto, essa melhoria não foi suficiente para atender à demanda do mercado e gerar mais receita, pois parte da produção ficou retida no porto. Ao longo do ano passado, houve atrasos nas embarcações de café em todos os 12 meses. Segundo um boletim elaborado pela ElloX Digital em parceria com o Cecafé, somente em dezembro, 76% das escalas de navios no Porto de Santos registraram alterações.
Márcio Ferreira, presidente do Cecafé, destacou em uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira que o desafio enfrentado pela cafeicultura brasileira não reside na falta de volume, oferta ou grandes embarcações, mas sim nos entraves entre o embarque e a navegação. Ele ressaltou que, se não fossem os obstáculos ainda presentes em dezembro, as exportações poderiam ter superado o desempenho do ano anterior, com a possibilidade de exportar até 2 milhões de sacas a mais.
Ferreira explicou que no Porto de Santos, falta espaço para armazenar os grãos antes da exportação, devido ao elevado volume de outros grãos. O porto foi o principal ponto de embarque do café brasileiro em 2023, com um volume de 28,157 milhões de sacas, representando 71,7% do total.
Ele acrescentou: “Observamos importantes exportadores, com volumes substanciais, que ficaram com 20% ou 25% sem embarcar”. Em seguida, na lista de portos, estão o complexo marítimo do Rio de Janeiro, responsável por 24,3% das exportações ao enviar 9,545 milhões de sacas, e o Porto de Paranaguá, no Paraná, que exportou 521.102 sacas, representando 1,3% do total.
Fonte: Exame