Para a americana OpenTable, só se for na fila do supermercado
Diante da queda nas reservas em restaurantes e do aumento nas filas dos supermercados por conta do Covid-19, a empresa americana se “reinventa” e passa a permitir que seus usuários agendem um horário para fazer compras em supermercados locais e evitar filas
Além de agendar um horário, clientes podem formar filas online
Com salões fechados para operações internas, resultado das medidas de distanciamento social impostas pela luta contra o coronavírus, os restaurantes mundo afora estão sendo forçados a mudarem suas estratégias e modelo de negócio para sobreviverem apenas com o sistema de delivery.
Essa mudança repentina também está obrigando as plataformas de reservas voltadas ao setor a recorrerem à criatividade, a fim de garantirem suas receitas em tempos de lockdown.
Enquanto Resy, Yelp Reservations e outras ferramentas do tipo insistem em acrescentar apenas uma opção de delivery, que não experimenta grande tração no cenário atual, a OpenTable, de São Francisco, encontrou uma alternativa diferente, que pode ser a sua salvação: permitir que seus clientes reservem um horário para compras em mercados locais.
Ao perceber o aumento das filas que se formam às portas de supermercados e empórios, a empresa fundada em 1998 e vendida para o Priceline, em 2014, por US$ 2,6 bilhões, desenvolveu um serviço que permite evitar filas, ajudando clientes e varejistas.
“A Covid-19 está nos fazendo ficar em casa e nossa comunidade de quase 60 mil restaurantes está enfrentando uma redução de operações sem precedentes”, afirma Andrea Johnston, diretora de operações da OpenTable, ao NeoFeed.
Segundo a executiva, a empresa apurou que, até 13 de março, as reservas em restaurantes haviam caído 45% em Seattle; 40%, em São Francisco; 30%, em Nova York; e 25% em Londres, Los Angeles e Chicago.
Mas foi apenas em 23 de março que a OpenTable detectou 100% de paralisação nas reservas e jantares nos mais de 60 mil estabelecimentos dos 80 países em que opera, incluindo nessa conta, restaurantes brasileiros.
A companhia tinha todo seu lucro atrelado à operação dos parceiros. No modelo de negócios, a empresa cobra US$ 2,5 de cada reserva feita pelo seu site e US$ 0,25 por aquelas feitas por meio de seu software – que é ofertado gratuitamente aos restaurantes.
Em 23 de março, a OpenTable detectou 100% de paralisação nas reservas dos mais de 60 mil restaurantes em que opera em todo o mundo
Andrea não revela como a OpenTable está sendo remunerada agora que a empresa está restrita às reservas de horário para compras em supermercado. Ela prefere ressaltar que a nova ferramenta é uma solução que ajuda a evitar aglomerações e, consequentemente, a disseminação do coronavírus.
Por enquanto, a empresa tem apenas sete parceiros nas regiões de Los Angeles e São Francisco, sendo que seis deles são restaurantes que adotaram o formato de “mercado pop-up”, por conta das restrições impostas pela pandemia.
De acordo com a executiva, a empresa está, no entanto, em “conversas avançadas” para expandir essa operação a varejistas de maior porte e redes de mercados em escala nacional.
No site, os usuários colocam o CEP onde estão localizados e são direcionados para os mercados parceiros mais próximos. Depois, o consumidor pode selecionar quantas pessoas farão as compras e quais datas e horários ele quer reservar. Um intervalo de 30 minutos entre uma agenda e outra é apresentado como opção.
Além das reservas, a OpenTable permite entrar em uma espécie de “fila online”, para ajudar a dispersar aqueles que antes tinham apenas a presença física como opção.
Essa aglomeração nas portas dos estabelecimentos, aliás, está fazendo com que muitos varejistas imponham novas regras e horários especiais de funcionamento. O Walmart, por exemplo, dedica sua primeira hora útil apenas aos clientes com mais de 60 anos.
Segundo a OpenTable, sua solução seria benéfica não apenas aos compradores, mas também aos trabalhadores das lojas e varejistas, que teriam fluxo controlado e previsível de atividade.