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Isolamento social, liderança e poder do autoconhecimento

Artigo de Adriano Lima*

Um líder precisa ter respostas para qualquer pergunta. Ele deve estar sempre preparado para tomar novos rumos e saber muito bem quando retroceder ou avançar. Quem está no topo nunca erra ou hesita, isso é para os fracos.

Crescemos com esse conceito de quem está na liderança é um super-herói. A publicidade, o cinema, os símbolos de status do mundo corporativo ajudaram a criar esse imaginário coletivo. Mas essa figura mágica, quase que sobrenatural, não é real. Os líderes têm medos, principalmente de falhar, possuem suas fraquezas e muitas vezes não sabem como reagir a uma dada situação. E a pandemia expôs essa realidade.

Alguns líderes de todas as áreas, da política, da ciência, do mundo de negócios e da religião, simplesmente ainda não sabem como agir diante da pandemia e de seus desdobramentos. Os dogmas até então muito bem alicerçados na sociedade ruíram com a doença. Até a sagrada instituição da liberdade foi suprimida com a crise. Os super-heróis de todo o mundo estão acuados frente ao desconhecido.

Guardadas as devidas proporções dessa “nova realidade”, esses são os desafios reais que os líderes enfrentam no dia a dia. Há muito medo e incerteza na tomada de decisão. Se formos pelo caminho A teremos o seguinte impacto, já no caminho B os impactos serão outros. Mas qual das vias é a menos dolorosa para as pessoas e para os negócios? Ainda não temos muitas certezas sobre as consequências, o tamanho dos impactos, das perdas. Mas, se tem algo que acredito se consolidará mais fortemente como o caminho, é o caminho da liderança. Nesse mundo pós-pandemia, não há espaço somente para gestores que só sabem gerir pessoas como se fosse gerir coisas, objetos, recursos.

Gerir times remotamente ? Não. O momento exige liderança
Liderança é a prática de influenciar outras pessoas e criar resultados desejados. Requer uma capacidade de cutucar o comportamento, criar um senso de equipe, estabelecer metas e assim por diante. Contudo, muitas vezes os líderes interpretam mal seus altos níveis de influência como uma responsabilidade de identificar e resolver todos os problemas que sua organização enfrenta.

O trabalho do líder não é ter todas as respostas, é permitir que as respostas sejam encontradas em conjunto. É preciso mais do que nunca liderar a si mesmo primeiramente. Mas para isso precisamos saber antes quais são nossos medos, no que somos fortes e no que somos fracos. Sem esse autoconhecimento, não há como seguir organicamente do topo.
Ainda mais nesse momento crítico que vivemos. Ansiosos porque não sabemos o que virá e depressivos porque sabemos o que ficou para trás. O ser humano consegue lidar com crises de viés econômico, sabemos que, ora ou outra, com os devidos remédios financeiros, o problema passará. O que pesa na atual crise é a incerteza. Não sabemos quando teremos vacina para testar todos. Ainda há entre os cientistas muita imprecisão no comportamento do vírus. E a aclamada cura ainda não tem sinais de estar sendo encontrada.

O caminho do autoconhecimento
Ainda que a incerteza rodeie nosso destino, podemos excluí-la da mente. Vejamos a história de Sidarta Gautama, hoje, mais conhecido como o pai do Budismo. Ele era herdeiro de um pequeno reino do Himalaia. Reza a lenda que, em dado momento, o jovem príncipe ficou profundamente abalado com o sofrimento que viu à sua volta. Homens e mulheres sofriam com pragas e calamidades trazidas por períodos de guerra, isso era fato. No entanto, o sofrimento delas ia além do lado material. Algo mais profundo e angustiante acontecia e que não conseguia ser mensurado.

Sidarta identificou que o sofrimento era causado pelos padrões de comportamento da nossa própria consciência. Ele descobriu que a mente sempre está insatisfeita e inquieta. Queremos sempre mais. As pessoas sonham em ser líderes, quando chegam ao topo ficam insatisfeitos. Um empresário ganha o seu primeiro milhão, se não conseguir o segundo, vem um ar de decepção e assim por diante. É humano querer ir sempre adiante, mas isso pode causar dor e, principalmente, ansiedade.

No entanto, Sidarta achou um caminho para cessar esse sofrimento: a meditação. O autoconhecimento é libertador e transformador. As crises ocorrem em todas as formas e tamanhos — sem aviso prévio. Porém, se você conhece suas limitações e deficiências, fica mais fácil trabalhar seu espírito e algumas armas para enfrentá-las.

Aproveite, portanto, esse momento de isolamento social para começar essa jornada do autoconhecimento. Você precisa aprender a conviver sozinho e em boa companhia, sem ajuda das muletas. Desfrute do isolamento sem a culpa por não ter tantas tarefas. “Pertence a nós transformar solidão em solitude”, já diria o historiador Leandro Karnal.

A sabedoria é um grande desafio cuja primeira tarefa é se olhar no espelho. Qualquer que seja a crise, um líder emocionalmente inteligente lidará com ela melhor. Os quatro domínios da inteligência emocional — autoconsciência, autogerenciamento, consciência social e gerenciamento de relacionamentos — podem te ajudar a vencer suas crises pessoais e amparar outros a acharem o caminho para uma jornada com menos dor e profunda evolução.

*Adriano Lima é sócio fundador da AL+ People & Performance Solutions, conselheiro, coach executivo e palestrante

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