Senior Visiting Fellow da London School of Economics e Senior Associate Cambridge Institute for Sustainability Leadership, Dimitri Zenghelis “é uma estrela dos debates sobre o aquecimento global”. Foi com essas palavras que Luiz Augusto Barroso, presidente da PSR, apresentou o pesquisador, antes que ele iniciasse sua masterclass no dia 28 de maio.
Zenghelis começou lembrando os riscos de continuar aumentando a temperatura do planeta no ritmo atual. “A última vez que o mundo foi 5 graus mais quente foi há 14 milhões de anos, muito antes de os seres humanos existirem. O planeta não tinha gelo, o nível do mar era 100 metros mais alto do que hoje e espécies tropicais habitavam o Ártico”.
Acontece que, no ritmo atual de emissões, a humanidade vai provocar o mesmo aumento de 5 graus, em apenas 200 anos. O que levará o planeta a se tornar um lugar muito mais difícil para os seres humanos.
“A humanidade vai descarbonizar suas ações, tenho certeza”, afirma. “Será por bem, substituindo recursos e processos, ou por mal, aumentando a temperatura a ponto de a vida ficar inviável.”
Como realizar essa transformação? “Para alcançar redução de 2 graus, precisamos reduzir as emissões em 80%. Para reduzir 5 graus, precisamos descarbonizar totalmente”, respondeu. É possível, diz.
O custo da energia eólica e solar vem caindo. “Se eu anunciasse, dez anos atrás, que isso aconteceria, as pessoas iriam rir de mim. Sistematicamente, subestimamos a capacidade de crescer das novas energias renováveis, e exageramos no valor que elas iriam custar”. E essa é uma revolução que não pode ser subestimada, alega.
“O crescimento das novas energias renováveis acontece apesar de ainda termos um vasto estoque de fontes fósseis. Ele aconteceu porque estamos fazendo um esforço para reverter o aquecimento global”.
Otimismo condicional
Esse esforço passa pelo foco em investimentos nessa área. “As empresas que trabalham com combustíveis fósseis vêm sendo pressionadas, até mesmo processadas. Por outro lado, as fontes renováveis atraem o interesse dos investidores. E elas não precisam ser escavadas no subsolo, o processo de produção e de logística é menos custoso”.
O professor lembrou que costuma ser cobrado por ser excessivamente otimista. Ao que ele responde: “Não sou tão otimista, porque a possibilidade de dar errado existe. Mas eu gosto de lembrar na diferença que Paul Romer, Prêmio Nobel de Economia de 2018, faz entre otimismo complacente e otimismo condicional. Essa diferença sugere que não podemos relaxar. Precisamos agir, investir nas mudanças, de forma proativa”.
Fonte: Exame