Um acionista relevante da 3R Petroleum está propondo uma separação dos campos de petróleo terrestres da empresa, seguida pela incorporação desses ativos pela PetroReconcavo. Fontes familiarizadas com o assunto informaram ao Brazil Journal sobre essa proposta, destacando a busca das empresas de petróleo de porte menor por escala.
A justificativa para a transação é conhecida no mercado: tanto a 3R quanto a PetroReconcavo possuem campos vizinhos na Bahia e no Rio Grande do Norte, anteriormente pertencentes à Petrobras e operados em conjunto. A reunificação desses ativos sob o mesmo CNPJ resultaria em sinergias operacionais estimadas em US$ 1,1 bilhão, conforme os termos da proposta.
A iniciativa parte da Maha Energy, uma petrolífera listada na Bolsa de Estocolmo, com a Starboard como seu principal acionista. A Maha comunicou recentemente a aquisição de mais de 5% das ações da 3R nos últimos meses, somando-se aos 15% já detidos na subsidiária 3R Offshore, responsável pelos campos marítimos Papa-Terra e Peroá.
Caso a transação seja concretizada, a 3R manterá sua listagem na Bolsa, mas se concentrará exclusivamente em campos offshore. Em uma carta enviada aos conselhos administrativos da 3R e da PetroReconcavo, a Maha propõe que a PetroReconcavo absorva os ativos onshore da 3R, avaliando-os pelo mesmo valor da PetroReconcavo no mercado de ações.
Assim, os acionistas da 3R receberiam uma ação da PetroReconcavo para cada ação detida atualmente, enquanto ainda manteriam sua participação na 3R. A proposta da Maha inclui a continuidade da gestão atual da PetroReconcavo.
A transação resultaria em uma empresa combinada com 600 milhões de barris de reservas 2P, um valor de mercado de aproximadamente R$ 12 bilhões, uma produção de 70 mil barris/dia (com expectativa de aumento para 100 mil em dois anos) e uma operação verticalizada.
Para efeito de comparação, a Prio (antiga PetroRio) possui 800 milhões de barris em reservas, produz 100 mil barris/dia, tem um valor de mercado de R$ 40 bilhões e negocia a um prêmio significativo em relação à 3R e Petroreconcavo, com um múltiplo de 12x as reservas 2P.
A transação também transferiria US$ 1,4 bilhão em dívidas da 3R para a PetroReconcavo, cujo balanço é menos alavancado, resultando em uma alavancagem de apenas 1,4x EBITDA após a operação.
A Maha estima a relação de troca entre os ativos considerando o enterprise value das reservas. A 3R, com 410 milhões de barris de reservas, teria um enterprise value de US$ 2,7 bilhões, enquanto a PetroReconcavo, com 194 milhões de barris, vale o mesmo na Bolsa, ambos considerando múltiplos específicos.
A Maha destaca sinergias operacionais significativas, prevendo redução de custos e otimização de recursos, especialmente devido à proximidade geográfica dos campos. As empresas também enfrentam desafios com o aumento dos custos do setor, tornando a estrutura combinada mais robusta para negociar com fornecedores.
A proposta da Maha inclui benefícios adicionais para a PetroReconcavo, como a transferência de infraestrutura da 3R, que historicamente dependia da infraestrutura da 3R para escoamento de produção, resultando em descontos no Brent.
A Maha destaca que a combinação dos ativos permitiria redução significativa dos custos operacionais e uma melhoria nos preços de venda do petróleo, justificando um prêmio nas ações.
A Maha projeta um aumento potencial de US$ 1,4 bilhão no valor de mercado da companhia, considerando uma expansão do múltiplo de reservas 2P para 8,8x, em comparação aos atuais 7x.
A transação marca o retorno da Starboard à 3R, após a gestora criar a empresa, levá-la à Bolsa em 2020 e posteriormente zerar sua posição dois anos depois. Além da Maha, outro grande acionista da 3R é o Gerval, o family office dos Gerdau, detentor de cerca de 8% do capital.
Uma fonte envolvida na transação sugere que a proposta deve ser bem recebida pelos principais acionistas das duas empresas, que já realizaram discussões informais sobre o assunto. A Maha espera que a oferta seja enviada até 28 de fevereiro, com a conclusão da transação no segundo trimestre.
Fonte: Brazil Journal