Após a realização do rebranding pelo Itaú, as redes sociais prontamente direcionaram sua atenção ao banco, comparando a nova logomarca com a do Inter – mesmo este último utilizando a cor laranja por um período muito mais longo, pertencendo aos Setubal e Moreira Salles. Uma enxurrada de memes inundou a internet. Questionado sobre tais comparações, João Vitor Menin, CEO do Inter, menciona que o lançamento do Itaú acabou se revelando um “presente” para o Inter.
“Surge no momento em que estávamos prestes a anunciar nossa mudança de marca, contribuindo para aumentar a visibilidade”, afirma Menin à NeoFeed. Coincidentemente, o Inter estava em processo de rebranding havia quatro meses, e o lançamento inesperado do concorrente Itaú gerou um burburinho em torno do Inter, que acabou de revelar sua nova marca nas redes sociais e em seu site.
A nova identidade, desenvolvida pelo estúdio de design Polar em colaboração com a empresa de tipografia Plau, apresenta alterações na tipologia e a inclusão de um símbolo, remetendo a um leque representando as sete áreas de atuação do Inter: banking, shopping, investimentos, crédito, seguros, serviços globais e o programa de fidelidade Inter Loop.
“Houve uma alteração visual no logotipo, mas também representa a consolidação da marca no universo dos superapps financeiros”, explica Andrea Nocciolini Costa, diretora de marketing do Inter, à NeoFeed. Menin acrescenta que não se trata apenas de uma mudança, mas sim de “uma evolução e amadurecimento da empresa”.
A cor laranja permanecerá a mesma; as mudanças concentram-se na tipologia e no reforço de conceitos. “Ficou imponente, moderno e tecnológico”, declara Nocciolini Costa, explicando que a letra “I” foi mantida reta para simbolizar confiança, os ângulos mais arredondados do “N” simbolizam parceria, enquanto o “T” ascendente representa a otimização da vida financeira. Outros atributos incluem tecnologia e conveniência.
Além de fortalecer o conceito no Brasil, onde a maioria dos 30 milhões de clientes do Inter está localizada, as mudanças também impulsionarão os esforços da empresa nos Estados Unidos.
Atualmente, 2 milhões de clientes do Inter possuem contas globais. Dentre eles, 300 mil residem nos Estados Unidos. A ambição da empresa, avaliada em US$ 2,1 bilhões na Nasdaq, é transformar-se em um superapp para os americanos, sob a marca Inter & Co. “Queremos nos consolidar como o único superapp das Américas”, afirma Menin.
O superapp americano incluirá todas as verticais presentes no aplicativo brasileiro até o primeiro semestre de 2024, contando até mesmo com parceiros locais na vertical de shopping. “Em 2023, dedicamos esforços para construir nosso ecossistema nos Estados Unidos”, afirma Menin. “O ano de 2024 será o de ‘go to market’ e intensificação no mercado americano.”
Embora não seja uma missão fácil, Menin planeja adotar nos Estados Unidos a mesma estratégia de sucesso aplicada no Brasil, centrada na qualidade do produto. “Se o produto é bom, ganharemos no boca-a-boca”, destaca ele. “E iniciaremos o ‘go to market’ em condições muito melhores do que quando lançamos no Brasil.”
No Brasil, o Inter planeja uma campanha estruturada no final do primeiro trimestre para destacar que os clientes podem realizar todas as atividades dentro do superapp, desde mobiliar a casa até planejar férias e conquistas, conforme relata Nocciolini Costa.
O rebranding é uma etapa crucial para o Inter alcançar a meta de 60 milhões de usuários e um ROE de 30% até 2027. “Estamos crescendo a uma média de 7 milhões de clientes por ano”, observa Menin.
Para acompanhar esse crescimento, tanto em número de clientes quanto em reputação, a verba de marketing será três vezes maior em 2024. “Chegou a hora de mostrarmos que o produto atingiu a maturidade e precisamos demonstrar para todos os stakeholders”, conclui Menin.
O mercado já sinaliza essa trajetória. O Itaú BBA, em um recente relatório, destaca que “se a competição de crescimento anual entre os bancos digitais fosse uma corrida, Nubank e Inter já teriam cruzado a linha de chegada”. Ressalta ainda que ambas as empresas “vieram para ficar”, destacando seus êxitos em tamanho, monetização e capacidade de financiar o crescimento por meio de lucros e depósitos dos clientes. Em relação ao Inter, o Itaú BBA prevê crescimento na receita, passando de R$ 4,8 bilhões para R$ 6,1 bilhões entre 2023 e 2024, com o lucro líquido estimado aumentando de R$ 334 milhões para R$ 856 milhões.
Fonte: Neofeed