Grandes perdas de receita estão sendo enfrentadas por empresas farmacêuticas como BMS, GSK e Amgen devido à expiração de patentes.
Os gigantes farmacêuticos acumularam consideráveis recursos para adquirir concorrentes. Segundo o Scope Group, uma empresa de classificação financeira, as 10 maiores empresas farmacêuticas do mundo possuem coletivamente US$ 120 bilhões (111 bilhões de euros) em dinheiro em seus balanços. Apesar do aumento das taxas de juros, o setor farmacêutico continua sendo um dos poucos onde fusões e aquisições permanecem em alta, embora grandes transações internacionais sejam menos prováveis, de acordo com um relatório de Olaf Tölke, diretor de classificações corporativas da Scope.
“As empresas farmacêuticas estão com recursos abundantes. O impacto contínuo da pandemia na demanda por vacinas, tratamentos e diagnósticos relacionados à Covid, juntamente com o reconhecimento governamental da importância do investimento em saúde pública, tem aumentado os fluxos de caixa, fornecendo-lhes meios para realizar aquisições ambiciosas”, afirma o relatório da Scope. Essas grandes empresas incluem nomes conhecidos como Pfizer, MSD (Merck Sharp & Dohme), Johnson & Johnson, Novartis e Roche.
A Scope acredita que nos próximos meses haverá fusões e aquisições de médio porte, focando em áreas terapêuticas especializadas, como cardiologia, oncologia, neurologia e diabetes. A aquisição da Horizon pela Amgen no valor de cerca de US$ 40 bilhões está atualmente em andamento, e transações de até US$ 20 bilhões não seriam surpreendentes.
Empresas como essas exigem inovação contínua para substituir medicamentos cujas patentes estão expirando e fornecer produtos que atendam às necessidades da comunidade médica e dos pacientes. Quando a exclusividade da patente é perdida, os medicamentos enfrentam forte concorrência de genéricos e biossimilares, resultando em vendas e preços mais baixos que, em última análise, afetam o resultado financeiro.
A expiração das patentes de medicamentos representa um risco significativo para as grandes empresas, conforme destacado no relatório da Scope, citando dados da Bloomberg. A Bristol-Myers Squibb (BMS), por exemplo, pode perder 79% de sua receita projetada entre 2025 e 2029 devido à perda de exclusividade de patentes. Para compensar essa queda na receita, a BMS deve focar no desenvolvimento e lançamento de seus próprios medicamentos ou na aquisição de novas terapias e empresas nos próximos anos. Outras empresas fortemente afetadas pela expiração de patentes incluem GSK (56%), Amgen (55%), MSD (49%), Lilly (46%), Johnson & Johnson (46%) e Roche (38%).
A Pfizer, maior empresa farmacêutica do mundo, enfrenta uma perda de receita de 37% devido à expiração de patentes. A empresa está enfrentando um cenário desafiador, já que a demanda global por sua vacina contra a Covid-19 diminuiu, levando a uma queda na receita. Para superar essa situação, a Pfizer indicou sua disposição de realizar aquisições. Sob a liderança do CEO Albert Bourla, a Pfizer projeta uma receita entre US$ 67 bilhões e US$ 71 bilhões para 2023, uma queda notável em relação ao pico recorde de US$ 100 bilhões em 2022.
No relatório da Scope, Tölke afirma que os grandes conglomerados farmacêuticos são algo do passado. Em vez disso, as empresas altamente capitalizadas estão cada vez mais focadas na eficiência e estão gerando negócios auxiliares multimilionários. A Johnson & Johnson é um excelente exemplo dessa tendência, pois se prepara para se desfazer de sua enorme divisão de produtos de consumo nos próximos meses.