Se você é um passageiro frequente do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, deve ter notado que os hangares que ficam do outro lado da pista perderam os letreiros da “Icon Aviation” e se tornaram apenas “Voar”. É que no início deste ano, a empresa de táxi aéreo de Michael Klein, ex-presidente da Casas Bahia, foi comprada pela Voar Aviation, de Goiânia. Com a aquisição, a empresa pousou de vez no sudeste, se consolidando como um dos principais players da aviação executiva nacional – um setor que vem crescendo vertiginosamente, apesar da pandemia.
“A Icon sempre foi muito forte no ramo de táxi aéreo e nós sempre tivemos essa mesma força na manutenção de aeronaves. Portanto, essa aquisição é uma grande oportunidade de crescer o nosso negócio nos dois sentidos”, explica a CEO Alessandra Abrão em entrevista exclusiva à EXAME. Nesses primeiros meses no sudeste seu trabalho foi, principalmente, “botar ordem na casa”, uma vez que a empresa de Klein vinha acumulando prejuízos milionários já há alguns anos.
Além do fretamento de helicópteros, turboélices e jatos executivos de curto, médio e longo alcance, a Voar também atua no transporte aeromédico e, para quem tem a própria aeronave, a empresa oferece serviços de manutenção, hangaragem, assessoria na compra e venda de aeronaves, além de gerenciamento de receita nos períodos de ociosidade.
Com a incorporação da Icon, a Voar se tornou a terceira maior operadora do Brasil em número de aeronaves, com 15 unidades e 99 assentos disponíveis, e conta com 14 hangares distribuídos pelos aeroportos de Congonhas (4), Goiânia (4) Santos Dumont (2), Uberlândia (1), Brasília (1), Pampulha (1) e Sorocaba (1). Há ainda uma base nos EUA, em Fort Lauderdale, na Flórida, que facilita a logística de importação de peças de reposição para manutenção das aeronaves. “Dobramos nossa capacidade de atendimento, ampliamos a capilaridade com presença nos principais aeroportos, e expandimos a oferta de fretamentos tanto para helicópteros quanto para aeronaves de grande porte e aeromédicas”, explicou a executiva.
Como o sudeste concentra 53% das operações de táxi aéreo do Brasil a empresa, que antes atendia principalmente o agronegócio, mas agora vê boa parte do seu movimento vindo da indústria e dos segmentos financeiro e advocatício. Entre os clientes estão celebridades, executivos de grandes empresas e, como reforça a CEO, qualquer pessoa que precisa otimizar o seu tempo ao máximo.
“Muitas vezes as pessoas precisam fazer negócio em localidades remotas, onde a aviação comercial não chega. A aviação executiva é uma ferramenta de trabalho”, explica Abrão, lembrando que enquanto a aviação comercial atende a uma média de 130 localidades, os táxi-aéreos interligam mais de 3.500. “Para visitar três ou quatro bases (sejam elas fazendas, fábricas, o que for) fora dos grandes centros, leva-se mais de uma semana. De avião, dá pra fazer em dois dias. Nosso negócio é, literalmente, multiplicar o tempo dos nossos clientes.”
Do sudeste para o nordeste e o mundo
Já devidamente instalada no sudeste e com a casa arrumada, a Voar já planeja seus próximos passos. Com a retomada das operações internacionais em Congonhas até o final do ano, Abrão já projeta um aumento significativo na demanda de voos para fora do país. “Além disso, como já temos base nos principais aeroportos, o nordeste é um passo natural para a nossa expansão. Ainda não tem data, mas definitivamente é o nosso próximo passo.”
Fonte: Exame