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Busca por ucraniano em plataforma de ensino aumenta 485% após início da guerra

A comoção mundial que a guerra na Ucrânia desatou respingou na cultura nos últimos dias: ao mesmo tempo que restaurantes deixam de servir pratos russos e mudam nomes de drinks que façam referência ao país, a cultura ucraniana é alvo de crescente interesse.

Parte desse movimento está refletido no aumento de estudantes de ucraniano em uma das maiores plataformas de ensino de línguas do mundo, o Duolingo. O aplicativo de idiomas viu o interesse mundial na língua crescer 485%. No Brasil, o ucraniano passou da 31ª língua mais procurada para ocupar a 14ª posição do ranking após o início da guerra.

A estudante Clara Sautchuk, de 21 anos, e seu irmão Gabriel, de 14, procuraram o idioma na plataforma poucos dias depois da invasão da Ucrânia pela Rússia, no final de fevereiro. Trinetos de um ucraniano, os irmãos contam que a identidade com a nação não se manteve na família ao longo dos anos.

“A gente nunca se dedicou a aprender a língua, conhecer a cultura nem nada do tipo, apesar de ser algo tão próximo da nossa família. Com a guerra, foi um choque. Eu tenho um sobrenome nessa língua que não conheço”, diz Clara.

Como já está investindo no alemão e cursos de ucraniano são mais difíceis de achar, ela procurou pelo aplicativo. Chamou o irmão e, juntos, já aprenderam palavras básicas, como “mãe”, e estão tendo as primeiras lições do alfabeto cirílico —o mesmo utilizado no russo.

Compreendê-lo tem sido um desafio, segundo eles, assim como aprender a pronúncia. “É muito diferente. Algumas coisas do alemão, por exemplo, são parecidas com o inglês, então você consegue entender o geral”, diz Gabriel. No caso do ucraniano, conta, não há referências.

O ucraniano pertence a família das línguas eslavas, como a belorussa e a russa. Elas começaram a se diferenciar a partir do século X, segundo o professor do departamento de línguas eslavas da Universidade Columbia Yuri Shevchuk. “Russo e ucraniano não são línguas tão próximas. Há similaridades, mas elas podem ser superficiais”, explica.

Palavras e expressões em ucraniano

Tradução de Snizhana Maznova

  1. ??????! (Privit!) Olá!
  2. ?? ??????? Iak spravi? Como vai?
  3. ???? XX ?????. (Meni XX rokiv) Eu tenho XX anos.
  4. ???? ?????… (Mene zvati) Meu nome é…
  5. ? ???? ????? (Ia tebe kokhaiu) Eu te amo.
  6. ?????? (Bat’ko) Pai
  7. ???? (Mati) Mãe

Ainda assim, grande parte dos ucranianos entendem o russo —uma via de mão única, já que, segundo Shevchuk, isso ocorre porque eles estão mais expostos ao idioma da potência.

“O fato de existirem certas semelhanças entre o ucraniano e o russo muitas vezes tem sido usado pela propaganda imperial russa como um argumento de que a língua ucraniana não é realmente uma língua, mas um ‘dialeto do sudoeste russo’. Isso é uma invenção sem nenhuma base linguística”, afirma o pesquisador.

O uso da língua russa como um instrumento para o domínio, diz Shevchuk, remonta ao czarismo, sistema que perdurou na Rússia até o início do século XX. “A história das relações linguísticas russo-ucranianas conta com mais de 150 maneiras diferentes de proibir o uso público da língua ucraniana.”

Os ventos vinham mudando após a queda do muro de Berlim no final dos anos de 1980 e a dissolução da União Soviética, da qual fez parte a Ucrânia. “A geração mais jovem de ucranianos da parte oriental [atualmente separatista] está se tornando falante de ucraniano por causa do crescente número de escolas, publicações, universidades e conteúdo cultural na língua.”

Na guerra, a questão linguística voltou à tona. O presidente russo Vladimir Putin alega estar protegendo os falantes de russo da Ucrânia, que estariam sofrendo opressão no país vizinho.

uagem, na última semana Clara e seu irmão começaram a explorar também a gastronomia da região e fizeram um babka, pão doce típico do leste europeu e das comunidades judaicas.

A guerra, diz ela, misturou várias partes da sua vida.

“Eu sou estudante de museologia. Estava acompanhando as notícias dos museus, dos monumentos das cidades ucranianas sendo destruídos e isso foi me dando um sentimento muito pesado. Estão apagando a memória dessas pessoas”, afirma.

“Passou pela minha cabeça, como museóloga, talvez entrar em projetos ou criar algo para restabelecer a memória e o patrimônio do país. É um pensamento grande, mas como é algo da minha área, seria muito interessante”, conclui.

Fonte: Folha

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