Varejista entrou em recuperação judicial após revelar no início deste ano inconsistências contábeis
Neste semana, o Banco Central (BC) informou que, apesar da crise enfrentada pela varejista Americanas, o teste de estresse realizado constatou um impacto “irrelevante” na solvência do sistema bancário, que, segundo a autarquia, continua resiliente. O BC realizou um teste específico em decorrência do caso Americanas, considerando a possibilidade de um eventual default da empresa e da rede de fornecedores que dependem significativamente dela. O relatório de Estabilidade Financeira do BC, referente ao segundo semestre de 2022, mencionou a crise da Americanas, bem como eventos ocorridos em 2023. A Americanas entrou em recuperação judicial após ter revelado inconsistências contábeis no valor de R$ 20 bilhões no início deste ano.
De acordo com o relatório, as análises realizadas pelo BC continuam indicando que não há um risco significativo para a estabilidade financeira, apesar do elevado apetite de risco das instituições financeiras, juntamente com uma desaceleração no crescimento da oferta de crédito.
No entanto, a crise da Americanas resultou em um aumento no custo do crédito através do mercado de capitais, bem como uma postura mais rigorosa das instituições financeiras em relação às operações de risco. Considerando este evento e o ambiente de alta restrição orçamentária das famílias e empresas, e de diminuição da capacidade de pagamento das empresas, o BC afirmou que 2023 iniciou com uma acentuada desaceleração no ritmo de crescimento.
O BC também acrescentou que a percepção da desaceleração da economia e da resiliência do sistema financeiro nacional está em linha com a opinião dos agentes do mercado financeiro.
A autoridade monetária, por sua vez, afirmou que embora a materialização de riscos tenha arrefecido no segundo semestre de 2022, ainda deve permanecer elevada no médio prazo.
“Os critérios de concessão mais restritivos em modalidades de crédito mais arriscadas refletiram em um arrefecimento da materialização de risco no crédito concedido às famílias. No entanto, o crédito concedido a pessoas físicas com critérios menos restritivos ainda não se maturou completamente”, explicou o Banco Central.
Consequentemente, em linha com o aumento da materialização de risco, as provisões aumentaram e permanecem acima das perdas esperadas, o que por sua vez, levou a uma queda na rentabilidade do sistema bancário.
Fonte: Folha