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CEOs defendem ações para combater aquecimento global

Cinco CEOs escreveram, cada um deles, uma carta que endereça os desafios tratados na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática de 2021, a COP26, que aconteceu em Glasgow, na Escócia.

Os textos, publicados no Guia do CEO para a COP26, lançado em live promovida pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), são assinados por Maurício Rodrigues, presidente da Bayer Crop Science Latam; Octavio de Lazari Junior, diretor-presidente do Bradesco; Lorival Luz, CEO global da BRF; Gilberto Tomazoni, CEO global da JBS; e Walter Schalka, CEO da Suzano.

Para Marina Grossi, CEO do CEBDS, nunca uma COP teve tanta importância desde o Acordo de Paris. “O setor privado tem um papel muito importante, porque estamos na época da ação, da implementação de medidas”, afirma.

Estão juntos com o CEBDS nessa jornada que resulta da COP 14 instituições do setor privado e 115 CEOs. “Mostra a ambição rumo ao net zero, é o compromisso de boa parte das empresas participantes.”

O grupo empresarial levou à COP cinco temas principais:

  • Artigo 6º do Acordo de Paris: deve ser plenamente regulamentado para contribuir para a trajetória de não exceder 1,5ºC de aquecimento da temperatura média global.

O pleno funcionamento desse artigo é estratégico para o Brasil, que será responsável por grande parte dos créditos negociados nesse mercado.

Para Natália Renteria, gerente de clima no CEBDS, este é um grande assunto, com a possibilidade da criação do mercado global de carbono. “Uma janela de oportunidade também para o Brasil”, afirma.

  • TCFD (Task Force on Climate-Related Financial Disclosures ou Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima): trata-se de um conjunto de guidelines para orientar as organizações na divulgação de informações relacionadas aos riscos financeiros climáticos de seus negócios, para que investidores, bancos e seguradoras possam ter dados para a tomada consciente de decisão de investimentos.

Para a empresa que incorpora os parâmetros do TCFD, trata-se de um instrumento útil para estabelecer uma governança e gestão não apenas sobre os riscos, mas também as oportunidades associadas às mudanças climáticas em seus negócios, criando modelos de negócios de baixo carbono, sustentáveis e resilientes ao clima.

As empresas, diz Natália, estão fazendo workshops de capacitação para evoluir em como tratar esses riscos nas organizações.

  • Soluções baseadas na natureza: Natália, do CEBDS, pontua que este aspecto significa muito para o Brasil, já que o país tem um ativo agroflorestal incomparável. “Nosso desafio é como trazer tudo isso para a realidade econômica.”
  • Neutralidade climática: é o grande objetivo do Acordo de Paris, comenta Natália, e a “corrida que todos estamos traçando no dia a dia.”

Para o CEBDS, o país tem total condição de atingir a meta de reduzir emissões de gases de efeito estufa em 43% até 2030. O Brasil pode ser mais ambicioso e atingir, já em 2025, a meta prevista para 2030 e garantir uma trajetória rumo ao compromisso assumido de neutralidade climática em 2050.

  • Combate ao desmatamento ilegal: mais uma grande bandeira da COP26. O CEBDS afirma defender o fim do desmatamento ilegal e entender a importância da Floresta Amazônica nos cenários econômico brasileiro e climático global.

Caroline Dihl Prolo, da Laclima, uma rede de advogados de mudança climática, reforça que todos os temas acima são importantes para o novo capitalismo, para o mundo descarbonizado.

“O contexto internacional dos últimos anos influenciou o que aconteceu internamente no Brasil, então é de extrema importância estar atento ao que acontece na governança global, porque a gente antecipa boas práticas e oportunidades”, disse Caroline na live.  “Não tem volta esse processo e a gente precisa participar.”

Para Lauro Martins, head de consultoria ESG e mudança climática da Resultante, é importante quebrar tabus e mostrar como as empresas estão integrando essas recomendações no dia a dia.

“Não dá para simplesmente dizer que será net zero até 2050 sem apresentar um plano para isso, com metas intermediárias, revisão das metas a cada cinco anos, metas baseadas na ciência. É preciso ajudar as empresas a navegar no tema e atuar”, afirma.

Dulce Benke, head de sustentabilidade e agronegócio da Proactiva, garante que as empresas já vêm contribuindo com a neutralidade climática e que é importante olhar para o contexto global, como outros países estão adotando as metas de neutralidade climática. “É nítido o avanço das empresas, muito pouco se falava sobre risco climático.”

O Bradesco é uma dessas companhias que vêm avançando a agenda. Marcelo Pasquini, head de sustentabilidade do banco, diz que o a empresa tem agora a missão de olhar para a faceta indireta de suas emissões. “O banco tem uma parcela de emissões de sua própria operação e quando financia clientes existe também as emissões desses clientes”, explica.

O executivo conta que o banco começou a fazer exercícios para estimar essas emissões, desde 2019, começando pelas carteiras de empresas de veículos, imóveis e agronegócio. Conseguiu ter uma ideia das emissões nesses portfólios e em 2020 ampliou para cobrir toda a carteira corporativa do banco, abrangendo todos os empréstimos para clientes PJ.

“Assim a gente consegue, a partir da análise, avaliar quais são os setores mais críticos do ponto de vista de emissão de gases e definir com quais clientes o banco vai trabalhar de forma mais próxima para reduzir a emissão total de sua carteira financiada”, afirma Pasquini.

Ele pontua que há uma série de dificuldades nesse processo, sendo a primeira como mensurar a emissão de todos esses clientes.

Para alcançar tudo isso, o Bradesco tem trabalhado com governança de mudanças climáticas, com comitê de sustentabilidade ligado ao conselho, para ajudar na criação da cultura de sustentabilidade na empresa inteira e de um tema que seja transversal a todas as áreas. “Estamos no começo de uma jornada, com muitos desafios adiante, mas a gente precisa começar o quanto antes.”

Sarita Severien, coordenadora de sustentabilidade na Suzano, complementa dizendo que “sozinhos não vamos a lugar nenhum”. “É preciso um esforço coletivo. É um caminho que o setor empresarial está se apropriando, com a possibilidade de mudar o caminho da curva do aquecimento da temperatura global.”

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