Rede de escolas médicas avalia aquisições de startups e avanço em pesquisas clínicas
A Inspirali, controlada da Ânima Educação dedicada a cursos de saúde que agora tem a gestora DNA Capital como sócia, anunciou reforço na administração junto ao closing da operação. A companhia trouxe para o conselho Denise Santos, CEO da Beneficência Portuguesa de São Paulo, e Eduardo Gouveia, ex-presidente de Cielo, Alelo e Multiplus. No time executivo, contratou o ex-UOL Edtech Guilherme Dias e a ex-Unilever Paula Giannetti.
As contratações fazem parte do plano de 100 dias, traçado pela Inspirali assim que anunciou a aliança com a DNA, em novembro. O tíquete médio dos alunos da Inspirali é de R$ 7.364 e a companhia chegou a 10 mil alunos no ano passado, a segunda maior do mercado – mas vai brigar pela liderança.
“Temos três pilares, que definem nossas avenidas de crescimento. O primeiro é a implementação do currículo integrado nas escolas recém chegadas, oriundas da aquisição recente da Laureate. A gente acredita muito no currículo proprietário, que traz engajamento maior e conexão com o dia a dia da saúde”, diz Guilherme Soárez, CEO da Inspirali.
A segunda frente é o lifelong learning, a aposta no ensino continuado que a companhia avançou com a compra da IBCMed, especializada em cursos de pós-graduação na saúde. Nessa linha, tem conversado com edtechs e healthtechs que podem ser também alvos de aquisição. “E o terceiro é a pesquisa clínica, por isso trouxemos o André Ferraz, e temos um piloto em seis das 14 escolas para ser polo de captação de protocolos de pesquisas”, diz o Soárez. A companhia tem sido procurada por indústrias farmacêuticas interessadas em parcerias para essas pesquisas.
A Ânima não chegou a conversar com outros fundos, dada a sinergia com a DNA, uma investidora em grandes companhias como a Dasa e Viveo, além de uma série de startups da área de saúde, no Brasil e no exterior. “Escolhemos e fomos escolhidos. É uma aliança que agrega muito mais que dinheiro, nos dá a possibilidade de ser o maior e melhor ecossistema de saúde”, diz Daniel Castanho, fundador e chairman da Ânima.
O portfólio de empresas da DNA também pode ser uma base para a mão de obra em formação nas escolas médicas. “É a grande oportunidade que vislumbramos. Os alunos que começaram as aulas agora em fevereiro vão se formar em 2028; com especialização, são 10 anos”, diz Soárez. “Como vai estar o mundo daqui a 10 anos? Quais vão ser as necessidades e tecnologias na saúde com esse profissional chegando ao mercado de trabalho? Precisamos estar muito perto do healthcare para que o currículo se adapte, para trazer o profissional para sala de aula e levar os alunos para arena real. É o ponto nevrálgico dessa parceria.”
A Inspirali foi avaliada antes do aporte em R$ 5 bilhões – assumiu R$ 2 bilhões em dívidas da controladora, referente à compra de faculdades de medicina, e recebeu aporte de R$ 1 bilhão da DNA, ficando com equity value final de R$ 4 bilhões. Analistas já esperam um IPO da companhia em curto e médio prazo.
“A Inspirali tem que ser ‘IPOable’ e se em algum momento fizer sentido para a companhia, para continuar crescendo, ter mais uma chancela de governança, ficar mais robusta, pode fazer a listagem”, diz Castanho. “A gente encara um IPO como etapa da jornada e temos dever fiduciário de estarmos preparados para ter essa opcionalidade”, emenda Soárez.
Destravar valor nessa operação ainda não trouxe efeitos para a Ânima. Os cursos de medicina representam 25% da receita líquida do grupo, mas o valor de mercado da companhia hoje é basicamente o mesmo de sua fatia na Inspirali, de R$ 3 bilhões – quanto valem os outros 75%?
Fonte: Pipeline Valor