No início do dia, a Ambev anunciou os resultados do segundo trimestre, o que acabou frustrando o mercado. As vendas caíram em quase todos os mercados onde a empresa atua, e o lucro recuou 15,2% em comparação com o mesmo período do ano anterior, chegando a R$ 2,597 bilhões. Mesmo com uma revisão positiva no guidance, que previa uma expansão menor dos custos devido a um alívio na inflação, os investidores não se animaram.
Inicialmente, a ação até teve um bom desempenho e abriu o dia em alta, impulsionada pelo bom humor do mercado após o Copom. Contudo, logo depois, reverteu a tendência e encerrou o pregão com uma desvalorização de 2,79%.
Os principais bancos de investimento já esperavam essa situação. O Goldman Sachs, em seu relatório matinal, destacou que os volumes de vendas, apesar de terem recuado, foram melhores do que o esperado pelos analistas, mas os preços mais baixos foram uma surpresa negativa. O banco reiterou a recomendação de venda para as ações da Ambev.
O relatório mencionou que a atualização do guidance foi positiva, mas ainda prevê um escopo limitado para revisões significativas no lucro. A Ambev agora estima um aumento de 2,5% a 5,5% nos custos dos produtos vendidos por hectolitro em 2023, enquanto antes previa algo entre 6% e 9,9%. Essa revisão foi feita devido ao cenário favorável de inflação, preços de commodities não protegidos por hedge, mix de produtos e desempenho operacional melhorados.
O Citi, que recomenda a compra das ações, já previa a queda nos volumes da Ambev. Em sua análise anterior, o banco apontou alguns motivos, como o mau tempo, que afastou os consumidores dos bares, além dos investimentos pesados das concorrentes Heineken e Petrópolis em marketing e promoções, e a queda de 7% nos volumes de produção da indústria de bebidas alcoólicas, conforme indicado pelo IBGE.
Outro fator que impactou negativamente a Ambev foi a depreciação do real, pois a empresa possui mais custos do que receitas em dólar. Isso não favoreceu o desempenho da empresa, de acordo com Fernando Siqueira, Head de Research da Guide Investimentos.
O Itaú BBA, que possui uma posição neutra em relação às ações, também adotou uma postura cautelosa. Considerando a desaceleração do setor no primeiro semestre, eles acreditam ser crucial monitorar a dinâmica de preços e verificar se o ambiente de consumo estará preparado para absorver novos aumentos de preços sem enfrentar grandes desafios nos volumes de vendas.
Fonte: Pipeline Valor