Faturamento do setor cresceu de 23 bilhões para 45 bilhões de dólares desde 2007, com 25 milhões de pessoas viajando todos os anos
Se há uma indústria diretamente afetada com a epidemia de coronavírus, é a de cruzeiros. Dia sim dia também dois dramas particulares estampam manchetes mundo afora.
O principal deles é o dos 3.500 passageiros em quarentena no navio Diamond Princess, estacionado no porto japonês de Yokohama. Ao menos 218 pessoas já foram confirmadas com o vírus, e nesta sexta-feira, após 25 dias a bordo, os passageiros saudáveis finalmente vão poder começar a deixar o navio. O Diamond Princess é um navio da companhia american Princess Cruises, uma subsidiária da Carnival, a principal operadora de cruzeiros do mundo, com faturamento de 20 bilhões de dólares em 2019, 10% a mais que em 2018.
A outra grande história envolvendo o setor é do navio MS Westerdam, que na quinta-feira atracou no Camboja com 2 mil passageiros a bordo depois de ter sido rejeitado por cinco portos, com receio de que algum passageiro pudesse estar contaminado. A embarcação é da Holland America Line, e partiu de Singapura, passou por Hong Kong e começou seu drama também em Yokohama, quando um dos passageiros a bordo apresentou sintomas compatíveis com coronavírus. Depois, lhe foi negado porto em Taiwan, Filipinas, Guam e Tailândia.
As histórias do Diamond Princess e do MS Westerdam podem afetar o setor de cruzeiros em pelo menos duas frentes. A primeira delas é esfriar o aquecido mercado asiático, aposta número um das principais companhias da Europa e dos Estados Unidos. A diversidade de passageiros a bordo dos dois navios mostra como a Ásia virou um novo hub turístico: o Diamond Princess tem passageiros de 50 nacionalidades; o MS Westerdam, de 30.
O segundo risco exposto é o tendência de que quanto maior o navio, melhor. Mais passageiros embarcados significa mais receita para custos relativamente fixos, como despesas portuárias e combustível. Navios maiores também permitem a oferta de um maior e mais diversificado número de atrações como bares, restaurantes, piscinas, salas de jogos, cassinos, teatros. Nos últimos 20 anos os navios passaram de 2 mil para 3 mil, 4 mil, 5 mil, 6 mil pessoas de capacidade. Mais gente a bordo, claro, também aumenta a probabilidade de imprevistos.
Reportagem publicada nesta quinta-feira pelo jornal The New York Times revela que as reservas já caíram de 10% a 15% após o surto de coronavírus. Um grande teste virá com a temporada de cruzeiros na Europa, no próximo verão do hemisfério norte. As empresas têm sido cautelosas a comentar os possíveis impactos. A Royal Caribbean, uma das líderes globais, divulgou no dia 4 um comunicado em que informa que o coronavírus pode “afetar negativamente nossos resultados”.
Foto: Reprodução / Divulgação – Navio Diamond Princess – navio em quarentena no Japão