Em Salvador, o engenheiro Marcus Casaes atende artistas como Cláudia Leitte, Xanddy e Carla Perez. Negócio cresceu nos últimos anos
O engenheiro civil Marcus Casaes, 42 anos, não pensava que teria um futuro no empreendedorismo, apesar de produzir e vender pipas quando criança no subúrbio de Salvador (BA). Abrir uma empresa não foi exatamente um desejo, mas uma necessidade. Em 2005, Casaes fez um curso de automação de casas em São Paulo e ficou apaixonado pelo serviço. Na volta a Salvador, percebeu que essa área ainda era incipiente na cidade.
“Foi quando decidi sair do emprego para abrir minha própria empresa de automação. Meus pais me questionaram, mas me apoiaram”, diz Casaes, que, na época, estava no último ano do curso de engenharia na Universidade Católica do Salvador. A Casaes Automação deve fechar 2022 com R$ 1,2 milhão de faturamento, contra R$ 800 mil em 2021 e R$ 500 mil em 2020 e 2019.
Seu pai sonhava que o filho um dia trabalhasse na Odebrecht e foi uma surpresa para a família saber que a construtora foi a primeira cliente de Marcus. “Minha empresa fez o primeiro projeto de um prédio com apartamentos inteligentes em Salvador, um dos primeiros do Brasil, para a Odebrecht. Realizei o sonho dele, mas do meu jeito”, afirma o empresário.
O foco da empresa é automatizar aparelhos eletroeletrônicos em casas de alto padrão. O serviço começa ao criar uma cena, como é chamado o planejamento de como os aparelhos devem funcionar sob um determinado comando. “É possível criar uma cena chamada ‘cinema’, em que a iluminação fica fraca, a TV liga, a persiana baixa, o projetor se abre e entra na Netflix, por exemplo”, explica Casaes.
O engenheiro conta que o ideal é realizar o serviço ainda na fase de obras, mas também é possível fazê-lo quando a casa já tem moradores. O cliente pode acionar a automação através de um aplicativo no celular ou por comando de voz.
Apesar de a automação de luminárias e alguns eletrônicos ter se tornado comum ao público geral, com dispositivos como o Echo Dot com Alexa, assistente virtual da Amazon, Casaes explica que essa tecnologia não atende o público de alto padrão, que precisa de soluções mais robustas para espaços maiores. “Há 17 anos, quando eu oferecia meu serviço, as pessoas desacreditavam e diziam: ‘Eu só vi isso em filme. Você faz mesmo?'”, conta.
Atualmente, a Casaes Automação tem seis funcionários — sendo um do setor administrativo-financeiro e cinco técnicos da área elétrica e eletrônica.
O engenheiro conta que Cláudia Leitte, Xanddy e Carla Perez são seus clientes. “Fiz a casa da Cláudia há uns 12 anos. Agora vamos atualizá-la”, diz. Ao menos 60% de sua clientela são clientes que querem atualizar o serviço e indicações. “Pessoas constroem e reformam geralmente a cada cinco anos, e os clientes me procuram de novo nesse ciclo, além de me indicarem para amigos.”
Lembrando da origem no subúrbio de Salvador, o empresário diz que fica feliz ao inspirar jovens com sua história de sucesso. “O empreendedorismo é uma forma de mobilidade social. Eu sou uma prova de que isso é possível. Apesar de ter tido estudo e família estruturada — o que não é a maioria na realidade da favela — entendo minha posição social enquanto homem negro, e sei que vários meninos se inspiram em mim. Levanto a bandeira de que abrir empresa é para construção de riqueza mesmo.”
Fonte: Revista PEGN