Distribuidoras de energia elétrica, que enfrentaram um salto na inadimplência dos clientes nos últimos meses devido à pandemia de coronavírus, já têm visto uma recuperação nos pagamentos para níveis próximos aos registrados antes da crise, disse nesta terça-feira um representante do Ministério de Minas e Energia.
“Tínhamos um histórico da ordem de 1% a 2% (de inadimplência) e chegamos a observar em algum momento (em meio à pandemia, um índice) próximo de 10%. (Agora) temos observado uma redução significativa, ainda acima da normalidade, mas já bem próximo disso”, disse o secretário de Energia Elétrica da pasta, Rodrigo Limp.
O secretário, que falou durante evento online promovido pelo instituto de defesa do consumidor Idec, não forneceu mais detalhes sobre os índices atuais de inadimplência.
O ministério chegou a divulgar dados sobre a adimplência no setor de distribuição em um boletim semanal com informações sobre os impactos da pandemia no setor de energia, mas o dado deixou de ser disponibilizado nas últimas edições do informativo.
Limp também destacou que houve uma recuperação “significativa” da demanda por eletricidade no Brasil, que nos últimos 30 dias tem apresentado redução de 3% a 4%, ante retração de mais de 10% em abril e maio.
Com a acentuada queda no consumo e a maior inadimplência, o governo viabilizou uma operação de apoio ao caixa das distribuidoras de energia que envolverá um empréstimo de cerca de 15 bilhões de reais às empresas do setor por meio de um grupo de bancos liderado pelo BNDES.
O financiamento será quitado em cinco anos, com possibilidade de repasse dos custos de amortização às tarifas.
Segundo Limp, esse mecanismo de apoio, que ganhou nome de Conta-Covid, aliviará consumidores de reajustes tarifários mais pesados antes previstos para este ano, que agora serão diluídos em prazo maior.
“Caso não houvesse a Conta-Covid, haveria uma forte pressão tarifária em 2020, da ordem de 12%. O que, no momento em que a população sobre os efeitos econômicos da crise, afetaria a retomada da atividade econômica que tanto esperamos”, afirmou.
“Teremos impacto da ordem de 3%, ou seja, 4 vezes menor”, acrescentou.
Entre as principais empresas do setor de distribuição de eletricidade no Brasil estão grupos controlados pela italiana Enel, a chinesa State Grid e a espanhola Iberdrola, além de companhias locais como Energisa, Equatorial, Cemig e Light.
Fonte: Época Negócios