Presidente americano tem usado atos que derrubam estátuas para mobilizar sua base
A campanha à reeleição do presidente americano, Donald Trump, publicou na sexta (3) um anúncio no Facebook que prometia proteger a estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, contra a “extrema-esquerda”.
A imagem do monumento aparecia em destaque, acompanhada por um letreiro: “Nós vamos proteger isto”, apesar de não haver nenhum indício de que a estátua corra qualquer tipo de risco.
O texto estimulava entusiastas do presidente a assinar uma lista de apoiadores que estariam junto de Trump contra o que o republicano chama de esquerda radical. Segundo o anúncio, essa lista seria mostrada ao líder americano na manhã de sábado (4).
“O presidente vai ver o seu nome?”, questionava a propaganda, como um convite aos apoiadores de Trump. O anúncio já está inativo, mas foi visualizado entre 4.000 e 5.000 vezes, de acordo com o Facebook.
No sábado, 4 de julho, Dia da Independência dos Estados Unidos, Trump fez discursos inflamados, atacando a esquerda e grupos antirracistas durante evento no Monte Rushmore.
O republicano afirmou que o movimento a favor da derrubada de estátuas de líderes confederados e de outras figuras históricas ligadas à discriminação e ao colonialismo é uma tentativa de apagar a história dos EUA.
Desde o início de junho, uma onda de questionamentos impulsionada pelos atos após o assassinato de George Floyd, em Minneapolis, transformou em alvo estátuas de figuras históricas consideradas racistas.
Nos EUA, os alvos foram imagens de militares que fizeram parte do Exército Confederado, lado da Guerra Civil americana que defendia a manutenção da escravidão.
A presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, exigiu que 11 estátuas de confederados sejam removidas do Capitólio, sede do Legislativo americano.
Estátuas de Cristóvão Colombo também foram atacadas. Uma foi incendiada e jogada em um lago em Richmond, na Virgínia. Outra, em Boston, foi decapitada.
No sábado (4), mais uma estátua do navegador foi derrubada por manifestantes em Baltimore, após as críticas do presidente em seu comício no Monte Rushmore.
Atos semelhantes se seguiram na Europa. Em Bristol, no Reino Unido, o alvo foi uma estátua de Edward Colston, traficante de escravos e membro do Parlamento britânico que viveu no século 17.
Em Londres, a estátua de Robert Milligan, que chegou a ter 526 negros escravizados em suas duas fazendas de plantação de açúcar na Jamaica, foi removida pelo Museu das Docas.
Na Bélgica, ganhou força uma campanha já antiga para tirar de cena monumentos do rei Leopoldo 2º, e um busto do monarca que colonizou o Congo (atual República Democrática do Congo) foi para o depósito na Universidade de Mons.
Fonte: Exame