Seguindo sua estratégia de transformação digital, o BV (antigo Banco Votorantim) lança uma nova ferramenta para tentar ser mais presente na vida dos usuários. O caminho para isso? As redes sociais, onde os brasileiros gastam mais de 3 horas diárias. Por meio de uma parceria com a fintech israelense PayKey, o banco vai disponibilizar seus serviços financeiros diretamente no teclado do smartphone dos seus clientes. A ideia é que, enquanto falem com amigos em um app de conversa ou vejam uma live, os usuários possam consultar o extrato bancário e fazer transferências.
A novidade foi lançada sem alarde nesta semana para os clientes que usam o sistema operacional Android e em breve deve ser levada para todos os usuários. Para ativar o serviço, basta atualizar o aplicativo e aceitar a nova funcionalidade, que fica disponível por meio de um botão no teclado do smartphone. Em entrevista ao EXAME IN, Marcos Barros de Paula, diretor de produtos do BV, contou que a solução usa as mesmas medidas de segurança disponíveis no aplicativo próprio para verificar a identidade do usuário e evitar fraudes nas transações.
O lançamento faz parte de um projeto do banco para diferenciar sua conta digital, lançada no terceiro trimestre do ano passado, no mercado. Em busca de atrativos, o BV encontrou a solução da PayKey no ano passado e começou a conversar sobre uma possível parceria. “No passado, as pessoas iam às agências. Hoje, migramos para os acessos digitais, mas ainda é preciso entrar no aplicativo ou no site do banco. Com a nova solução no teclado, conseguimos ir aonde o cliente está”, diz o executivo.
A novidade não fica restrita à conta digital. Qualquer um dos usuários do app do banco, que soma mais de 3 milhões downloads, com uma média de 900.000 usuários ativos por mês, poderão utilizar a ferramenta. A expectativa da instituição é que quando o open banking esteja plenamente em vigor, os clientes utilizem somente o teclado do BV para acessar suas finanças de qualquer banco — a aposta é que em 10 anos os brasileiros não vão precisar andar mais com dezenas de aplicativos instalados no celular para controlar a vida financeira.
A solução do BV em parceria com a PayKey chega ao mercado brasileiro quatro meses depois que um concorrente de peso começou a operar com uma ferramenta parecida: o WhatsApp, que soma mais de 160 milhões de usuários no país. Em maio, a empresa americana, em parceria com a Cielo e bancos como o Banco do Brasil, Banco Inter, Bradesco, Itaú, e Nubank, lançou o WhatsApp Pay no Brasil, que permite que pessoas transfiram dinheiro entre si pelo aplicativo de conversas. De acordo com o executivo do BV, a decisão de não embarcar na plataforma da empresa de Mark Zuckerberg se deu pela necessidade de ir além de um único aplicativo.
A PayKey se posiciona como uma concorrente do WhatsApp Pay. Segundo Sheila Kagan, presidente da fintech, a decisão de entrar no Brasil em 2021 foi para trazer uma alternativa às instituições financeiras. “A nossa solução permite que os bancos ofereçam aos clientes a mesma ferramenta [que a do WhatsApp], só que participando ativamente da transação e aprendendo mais sobre o perfil do cliente”, diz a executiva.
Fundada em 2014, a fintech já recebeu mais de US$ 25 milhões em investimentos e foi acelerada pelo programa Mastercard Start Path. Para a empresa, a entrada no Brasil destrava um potencial de crescimento gigantesco — a meta é ter, em doze meses, pelo menos cinco grandes instituições clientes no país. “A América Latina e o Sudeste Asiático, por terem uma população que usa muito o mobile como principal dispositivo de acesso à internet, são nossos grandes alvos”, diz Kagan. Ao redor do mundo, a solução da empresa é usada por mais de 30 bancos parceiros e atende mais de 50 milhões de usuários.
Antes de colocar o produto na rua, a PayKey fez alguns ajustes para atender a hábitos de uso comuns no Brasil. Segundo Eduardo Bilman, responsável pelas vendas no país, a fintech criou um dispositivo que permite que amigos possam dividir a conta de um jantar entre si de maneira rápida e fácil nos grupos de conversa. Além disso, criou integrações para permitir que os usuários acessem a câmera para fazer a leitura de um QR Code durante uma live de venda de produtos. “A essência dos produtos da PayKey é estar onde o cliente está”, diz Bilman.
Especificamente para o BV, o produto foi adaptado ao perfil de clientes do banco. “Todos os fluxos dentro do teclado podem ser personalizados, queremos que o produto tenha a mesma linguagem que o BV adota com os clientes”, diz Kagan. Segundo ela, o desafio agora é entender os comportamentos dos primeiros usuários para poder fazer eventuais ajustes na plataforma.
Fonte: Exame