A União Europeia vai colocar a luta contra a emergência climática no centro de sua política comercial e pressionará por uma grande reforma na Organização Mundial do Comércio (OMC) – indica uma nova estratégia anunciada nesta quinta-feira (18).
Diante dos desafios da pandemia, “a política comercial deve apoiar totalmente as transformações ecológicas e digitais da nossa economia”, disse o vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis.
O Executivo da UE, que impulsiona a política comercial dos 27 países do bloco, também quer “liderar os esforços de reforma global” da OMC, afirmou ele em entrevista coletiva em Bruxelas.
Nesta estratégia, que visa a orientar o comércio europeu na próxima década, a Comissão propõe que os futuros acordos comerciais sejam condicionados ao cumprimento do Acordo do Clima de Paris de 2015, requisito que não existia nos pactos anteriores assinados pelos países da UE.
As questões ambientais e climáticas já estão no centro da relutância de vários Estados europeus em ratificar o acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a UE, principalmente devido ao temor de um desmatamento em massa na região amazônica.
Bruxelas também pretende desenvolver um multilateralismo ativo, em particular em relação à Índia e aos países africanos.
Aos olhos da UE, o reequilíbrio do comércio mundial exige uma profunda revisão da OMC, paralisada pelo desligamento dos Estados Unidos.
Há tempos, os Estados Unidos acusam a China de práticas abusivas e consideram que as regras da OMC são insuficientes para remediar essa situação.
A recente nomeação da nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala, que assumirá o comando da OMC em março, “representa uma oportunidade para recomeçar”, apontou Dombrovskis.
Além disso, os europeus contam com uma cooperação mais profunda com o novo governo dos Estados Unidos de Joe Biden, após quatro anos de relações instáveis, devido às políticas protecionistas do ex-presidente Donald Trump.
A UE também assegurou nesta quinta-feira que implementará mecanismos para garantir em seus acordos comerciais que as empresas não utilizem trabalho forçado. A questão é particularmente delicada, após o polêmico acordo de proteção de investimentos assinado em dezembro com a China.
Fonte: Exame