A proposta é simples: atender profissionais jurídicos em escritórios de advocacia, escritórios de consultoria geral e departamentos jurídicos corporativos com ferramentas de tomada de decisão baseadas em dados. Simplificar pesquisas, análises e fluxos de trabalho jurídicos e regulatórios para agregar valor às organizações, garantindo sociedades mais transparentes, justas e seguras.
É assim que a empresa Wolters Kluwer se apresenta e, com essa credencial, revelou em seu último relatório, o LegalView Insights, que 28% trabalhos advocatícios com valores superiores a 1 milhão de dólares, foram atendidos por escritórios de advocacia fora da lista dos 200 maiores do país da América do Norte.
A conclusão revelada pelo diretor de operações jurídicas e percepções da indústria Nathan Cemenska de que sociedades de advogados de pequeno e médio porte abocanham fatia cada vez mais significativa do mercado, foi feita depois da análise de 150 bilhões de dólares em faturas de escritórios de advocacia entre 2015 e 2020. “Há essa narrativa de que escritórios de advocacia de pequeno e médio porte podem ser usados em questões pequenas, mas você não pode deixar que façam nada sério porque vão bagunçar tudo. Se isso fosse verdade, como 28% dos gastos acima de US $ 1 milhão estão indo para escritórios de advocacia de pequeno e médio porte fora da lista dos 200 maiores escritórios americanos?”
A pesquisa ainda apresenta que 59% das megamatérias foram para os 100 maiores escritórios, com os 20 maiores concentrando 27% do total. As outras 100 bancas que compõem o conhecido ranking Am Law 200 atenderam 6% dos casos, enquanto os grandes escritórios de advocacia com sede no Reino Unido 3,7%, e os prestadores de serviços jurídicos alternativos 2,2%.
Para o consultor de escritórios de advocacia Tim Corcoran, a argumentação sobre a qualidade dos serviços não é mais suficiente para pressionar a concentração de trabalhos nas grandes placas da advocacia. “Os escritórios de advocacia acham que os contratantes focados em preço estão assumindo o controle e não prestando atenção à qualidade, mas a responsabilidade recai sobre os escritórios de advocacia em demonstrar qualidade. Contar apenas com o ranking para demonstrar experiência não é suficiente”, afirma Corcoran.
Contar com a posição nos rankings ainda é um fator determinante, mas os consultores admitem que à medida que as Big Law empurram as taxas horárias para cima, os escritórios regionais que oferecem modelos de preços e acordos de taxas mais atraentes podem obter participação mais significativa no mercado.
“A mensagem é sempre que, enquanto os tempos estão bons, os Big Law não mudarão e isso oferece uma oportunidade para que os escritórios em outras posições se preparem e demonstrem sua experiência. Quanto mais sofisticado for o comprador, mais provavelmente a experiência demonstrada vencerá a simples força da marca”, desfia Tim Corcoran.
Pouco se sabe sobre o escritório Berger Singerman, além do número de advogados, 80, e da sua posição 471° no ranking dos 500 maiores escritórios americanos. Mas isso não invalida a análise do sócio gestor, Jordi Guso, sobre a situação delicada dos maiores escritórios americanos. “Os Big Law estão pagando remunerações sem precedentes para advogados, incluindo os de primeiro ano, que não contribuem com um valor significativo simplesmente porque não têm experiência. Isso obviamente é uma despesa adicional que nós não temos em nossa estrutura”, afirma Guso.
Os negócios direcionados para pequenos e médios escritórios americanos são majoritariamente na área de atuação do contencioso civil onde as bancas regionais podem se beneficiar de um amplo e exclusivo conhecimento do mercado local ou sistema judiciário. Para se ter uma ideia, os casos de M&A, uma sensação do mercado, corresponderam a 11% dos trabalhos destinados para esse tamanho de banca.
Os departamentos jurídicos envolvidos em casos chamados de bet-the-company, que são aqueles complexos que podem resultar na falência de uma empresa, são menos propensos a examinar o valor das causas, apesar dos altos custos, e preferem contratar um escritório de advocacia de prestígio capaz proteger o departamento de operações jurídicas das críticas se algo der errado, enquanto aqueles que contratam escritórios regionais menos conhecidos podem assumir a culpa pelo mal desempenho. Esse parece ser o maior risco dos contratantes de escritórios fora dos rankings.