Depois de ter problemas com sócio e acumular dívida, a franquia Nani Sound tem 22 unidades contratadas e quer faturar R$ 3 milhões em 2022
O que faz alguém empreender? Muitos decidem unir áreas de interesse com a necessidade de gerar renda. Esse foi o caso de Ananias Oliveira Filho, 35 anos, que trabalhava como garçom, mas decidiu pedir demissão para trabalhar com o que sempre gostou: carros.
Em 2009, ele vendeu seu Monza 89 e investiu R$ 3,9 mil em uma pequena loja de serviços automotivos. Depois de ter problemas com o sócio e acumular uma dívida de R$ 250 mil, a franquia Nani Sound, rede de acessórios e estética automotiva, tem 22 unidades contratadas e já faturou R$ 1 milhão em 2022.
“Pedi demissão, recebi R$ 1.100, vendi meu Monza, um carro que eu amava, em troca de uma moto e um pouco mais de dinheiro. Ao todo, juntei R$ 3,9 mil. Era todo o dinheiro que eu tinha, e coloquei tudo no negócio”, diz.
Como começou
Cansado da rotina pesada no restaurante em que trabalhava, Nani, como é conhecido, sugeriu uma sociedade ao colega que trabalhava com autoelétrico em casa.
“Ele entraria com as ferramentas e serviços, eu com o dinheiro, e dividiríamos o lucro da loja. Todos ao meu redor me desestimulavam, diziam que não conhecia nada do negócio. E de fato, eu não conhecia, mas estava disposto a correr o risco e aprender no caminho”, diz.
O sócio aceitou e a dupla alugou um espaço no Jardim Mitsutani, Campo Limpo, que cabia apenas um carro de porte pequeno. O início foi desafiador. O sócio de Nani era alcoólatra, o que impactou os resultados do negócio.
Para reverter a situação, o empreendedor comprou a parte do sócio no negócio. O número de clientes voltou a crescer, novos funcionários foram contratados e ele se mudou para um ponto maior.
Em 2011, dois empreendedores abriram uma negócio de serviços automotivos perto da loja de Nani. Ele ofereceu seus serviços com preços menores para eles. No fim, eles acabaram virando sócios.
O trio de empreendedores cresceu e abriu três lojas.Quando a sociedade foi desfeita, a unidade do Jardim Germânia, São Paulo, que ficou com Nani ganhou um novo nome e, oficialmente, nasceu a Nani Sound.
Dívida de R$ 250 mil
Nani seguiu empreendendo sozinho e o seu faturamento começou aumentar. Porém, sem estudos e experiência no setor financeiro, ele não soube gerir seus recursos.
O empreendedor parcelava as compras com com os fornecedores e, com o faturamento mensal, pagava somente as despesas fixas, utilizando o restante para fins pessoais. Com os parcelamentos acumulando, Nani chegou a dever R$ 250 mil em 2015.
“Eu usava a maquininha de parceiros para conseguir fazer os serviços. Assim ele tinha a garantia de pagamento e eu recebia também”, diz.
Sem condições de pagar o aluguel da loja, teve de mudar para um ponto menor e não conseguia mais comprar os materiais com os fornecedores. No total, foram dois anos no negativo.
A esposado empreendedor tinha uma noção básica de administração e começou a fazer as contas e gerir a crise. Com a oportunidade de abrir um novo CNPJ no nome da esposa, eles voltaram a comprar de fornecedores e, aos poucos, a conta foi quitada.
Nani diz que a situação inclusive trouxe benefícios. “Como os fornecedores antigos não tinham mais interesse de negociar, eu me vi obrigado a procurar outros parceiros e expandir seu networking”, diz.
Assim, entrou em contato com novos fornecedores, que ofereciam melhores preços e condições. Aplicaram a estratégia de comprar com menor frequência e à vista, evitando, assim, dívidas futuras.
A partir de 2017, as contas voltaram a se equilibrar. “Abrimos três novas unidades e a Nani Sound estava se reconstruído”, diz.
Os planos da franquia Nani Sound
Durante uma conversa com o amigo Fernando Cássio, que trabalha no Grupo Kalaes, o empreendedor foi convencido de transformar o negócio em uma franquia.
Ano passado, com as lojas próprias, faturou R$ 2,5 milhões. Neste ano, quando entrou para o franchising, já faturou R$ 1 milhão com quatro unidades e estima alcançar R$ 3 milhões de faturamento.
“A história empreendedora do Nani mostra o quanto ele batalhou para chegar aonde chegou. Vamos expandir esse modelo de negócio de sucesso para todo país”, diz Sidney Kalaes, sócio da marca e presidente do Grupo Kalaes.
Até o fim do ano, mais dez unidades serão inauguradas, sendo três no mês que vem. No total, entre inauguradas e em implantação, a rede tem 22 franquias.
Fonte: Exame